O senador Telmário Mota (PDT-RR) acabou com o mistério e afirmou, por volta das 22h desta segunda-feira, que votará contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele sempre foi crítico ferrenho do processo, mas, nos últimos dias, se inclinou a ficar do lado dos favoráveis à deposição da petista. Na tribuna, ele usou o tempo de inquirição para questionar Dilma se ela continuaria governando com o "PMDB do mal", no qual Telmário incluiu os nomes de Eduardo Cunha e Romero Jucá, seu adversário político em Roraima.
Leia mais:
Recebido com festa, Lula assistiu a derrocada de seu projeto político
Protestos contra impeachment reúnem apoiadores de Dilma em capitais
Citação a "golpe" e tom emotivo: discurso de Dilma marca julgamento do impeachment
Na resposta, Dilma disse que não teria condições de se aproximar desses grupos em caso de retorno à Presidência. Assegurou que irá procurar os melhores quadros dos partidos representados no Congresso. Telmário se deu por satisfeito.
– Eu sempre entendi que a presidenta não havia cometido crime, mas ela havia perdido a governabilidade. Se Dilma voltar, vai governar com quem? Ela disse que não teria condições de governar com o grupo do mal do PMDB, que seria o Eduardo, o Romero e outros. Ela disse que vai governar com os bons. É um grande indício de que amanhã (terça) poderemos continuar acreditando que ela tem de voltar e que o impeachment não passa de uma montagem política – afirmou o pedetista, que incluiu Renan Calheiros (AL) no “PMDB do bem”.
Apesar das dificuldades, o senador disse que “muita coisa está acontecendo” quando questionado sobre as chances de Dilma conquistar votos suficientes para se salvar do processo. O pedetista negou que tenha recebido oferta de cargos do governo do presidente interino Michel Temer para votar a favor do impeachment.- Se eu disser que me ofereceram cargo, estarei faltando com a verdade.A bancada do PDT tem três senadores.
Lasier Martins (PDT-RS) está definido a votar a favor do processo de afastamento. Acir Gurgacz (PDT-RO), que foi favorável ao relatório pela cassação apresentado por Antonio Anastasia (PSDB-MG), perguntou a Dilma na sessão desta segunda-feira como ela irá "reconstruir a governabilidade se retornar à Presidência"?.
Hoje, Dilma não teria base política para aprovar projetos no Congresso. Acir não se manifestou depois de inquirir a presidente afastada.
Rival do senador do PDT em Roraima, Romero Jucá disse que não irá à tribuna para responder as acusações de que ele é do "PMDB do mal". Para Jucá, um dos mais próximos de Michel Temer, questões regionais não devem pautar o debate no Senado.
– Ele (Telmário) é um desqualificado, está sendo acusado na Lei Maria da Penha – atacou o peemedebista.
Jucá manteve a segurança e asseverou que serão 60 votos a favor do impeachment, podendo subir a 61 ou cair a 59.
*Zero Hora