Em seu depoimento como testemunha do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo negou qualquer tipo de tentativa do ex-parlamentar de interferir nos trabalhos das CPIs da Petrobrás no Congresso e no Senado, em 2014, para proteger empreiteiros investigados na Operação Lava-Jato.
Vital do Rêgo era senador pelo PMDB naquele ano e presidiu as duas comissões até o fim novembro, quando a sua indicação ao Tribunal de Contas da União foi aprovada pelo Congresso Nacional.
O depoimento do ministro do TCU ao juiz da Lava-Jato foi tomado por videoconferência no dia 29 de julho e durou pouco mais de 15 minutos. Além de Argello, a ação envolve seu filho e outros sete acusados de arquitetar um esquema que, segundo a Lava-Jato, teria evitado a convocação de empreiteiros nas CPIs da Petrobrás. Naquele ano, as duas comissões encerraram os trabalhos sem convocar nenhum executivo das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato.
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De forma sucinta, o ministro do TCU negou todos os questionamentos da defesa de Argello sobre se houve qualquer interferência ilegal, pedido para não convocar empresários ou mesmo troca de favor.
– Não, absolutamente – afirmava o ministro sempre que indagado.
Cordial
Questionado sobre a índole do ex-senador, preso desde abril na Lava-Jato, acusado de receber propinas para evitar a convocação de empreiteiros na duas CPIs, Vital do Rêgo elogiou o ex-colega de Senado.
– Tinha sempre com todos um tratamento muito cordial – disse.
A investigação, com base nas delações de vários empreiteiros, revelou que o ex-senador teria cobrado propina de sete empreiteiras que atuaram no cartel na Petrobras. Ao menos a OAS e a UTC, segundo a investigação, acertaram os pagamentos. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, em delação, revelou o repasse de R$ 5 mi para Argello. A OAS não comenta o assunto.
Parte da quantia foi repassada via doações oficiais para os partidos da coligação do ex-senador nas eleições de 2014 – formada por DEM, PR, PMN, PRTB e PTB. O Ministério Público Federal não acusa nenhum da legendas de irregularidades pois, segundo os investigadores, não há provas de que tinham conhecimento de que o pagamento era decorrente dos crimes de Argello.
Parte da propina teria sido entregue ainda em espécie para Argello, incluindo uma parcela em euros e outra parte ainda teria sido destinada como doação de R$ 350 mil para uma paróquia de Brasília.