Durante a reunião de líderes desta segunda-feira, diversos parlamentares pressionaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ler o processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no plenário da Casa ainda esta semana. Somente após a leitura durante sessão ordinária o processo poderá ser votado pelos deputados. Maia afirmou que pretende ler o documento na quarta-feira ou no próximo dia 9.
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Devido ao período de eleição municipal, alguns líderes consideram que adiar a leitura para a próxima semana poderia representar que o presidente está tentando protelar o processo. Após a leitura, começa a contar um prazo de até duas sessões para que a votação da cassação seja incluída na ordem do dia, porém o processo não tranca a pauta. Caso Maia só leia o caso no dia 9 de agosto, a votação poderia acabar sendo adiada para depois da eleição municipal, que ocorre durante o mês de outubro.
Segundo o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), a próxima semana é a única "janela" antes do período eleitoral, porque não é nem período de campanha, nem de convenções, e o quórum da Casa será maior. Os deputados estão fazendo um esforço concentrado para votações apenas na segunda e terça desta e da próxima semana.
Cunha já esgotou a sua possibilidade de recursos na Casa, e agora seus recursos cabem ao Supremo Tribunal Federal (STF), portanto na prática não haveria mais empecilhos regimentais para Maia realizar a leitura e marcar a data da votação. O presidente da Câmara alega que ainda não marcou a data porque está analisando o caso e também estudando o quórum, porque não quer ter que remarcar a data.
Para Molon, não há nenhum motivo para Maia não fazer a leitura. Ele disse que o presidente deve marcar a votação com antecedência e os deputados que não comparecerem deverão se explicar aos seus eleitores.
Para o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), o Planalto vai tentar "enrolar".
– Se marcar para semana que vem será com o intuito de prorrogar. Se Maia deixar para semana que vem vai ser acusado de compactuar com Cunha por medo dele denunciar membros da base do governo – disse.
Alguns membros do governo afirmam, como justificativa, que a votação da cassação não deveria ocorrer antes da decisão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Molon discorda e afirma que "uma coisa não tem nada a ver com a outra".
– O impeachment está no Senado, o assunto da Câmara agora é a cassação de Cunha – comentou.
– O Brasil precisa virar essa página – continuou.
Durante a reunião de líderes, ao ser pressionado pelos parlamentares, Maia chegou a dizer que vai pegar um histórico de votações de cassações anteriores para fazer uma "média". Ele foi lembrado do caso do ex-deputado Carlos Alberto Lereia, que teve seu mandato suspenso há dois anos.
O caso de Lereia foi recebido pelo Conselho de êtica em 2012, porém só foi para o plenário da Casa em 2014.
– As pessoas não estão entendendo a gravidade que é empurrar com a barriga o processo de Cunha – afirmou Valente.
Na reunião, Rede, PSOL, PPS, PT, DEM e PSDB defenderam celeridade na votação.
*Estadão Conteúdo