O relator do recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), conseguiu nomear um aliado para a direção-geral do Arquivo Nacional momentos antes de apresentar o parecer no qual defendeu a anulação da sessão do Conselho de Ética que recomendou a cassação do mandato do peemedebista. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
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A nomeação de José Ricardo Marques para o cargo foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira. A indicação para o governo do presidente interino, Michel Temer, teria sido selada na última segunda-feira.
Marques é evangélico e ligado à Frente Parlamentar Evangélica da Câmara. O deputado Ronaldo Fonseca é líder do PROS e coordenador da bancada da Assembleia de Deus da Câmara dos Deputados. Cunha também é evangélico e vinculado à Assembleia.
Ricardo Marques disse à reportagem que sua indicação estava sendo negociada "há mais de 40 dias". Ele já havia ocupado o posto. Foi nomeado pela presidente afastada Dilma Rousseff em fevereiro, quando a petista tentava barrar a aprovação de seu pedido de impeachment na Câmara.
Ele admite que, já naquela ocasião, foi indicado "por um grupo de deputados de Brasília, entre eles o Ronaldo Fonseca". Ficou pouco tempo no cargo, deixando o posto três dias após a Câmara aprovar o impeachment de Dilma, no fim de abril – Fonseca votou pelo afastamento.
Questionado se havia se afastado do Arquivo Nacional naquela ocasião por conta do voto de seu padrinho político na sessão do impeachment de Dilma, afirmou.
– É um absurdo você me perguntar isso. Não tem absolutamente nada a ver com o voto do deputado Ronaldo Fonseca na CCJ – disse, referindo-SE ao parecer apresentado nesta quarta pelo parlamentar.
Ronaldo Fonseca negou qualquer relação entre a indicação e o relatório que apresentou acolhendo parte dos argumentos de Cunha pela anulação da sessão do Conselho de Ética que resultou na recomendação de sua cassação. Apesar de Marques admitir a vinculação de sua nomeação à indicação do parlamentar, Fonseca negou o elo.
– Ele me procurou em relação a um projeto do Arquivo Nacional. Isso lá atrás. Eu procurei o Ministério da Justiça. AÍ, quando ele foi nomeado, o vincularam a mim. Ele é evangélico e vincularam com a Frente Parlamentar Evangélica – afirmou o deputado.