Waldir Maranhão foi pego de surpresa ao acordar presidente da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira. Com a suspensão do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o maranhense, que cumpre seu terceiro mandato no parlamento nacional, foi inesperadamente alçado ao posto mais alto da casa – "ninguém esperava que o Teori fosse fazer isso", disse um assessor de Maranhão. O novo presidente da Câmara deve lançar nota oficial ainda nesta quinta-feira.
A nova situação fez com que o deputado do PP suspendesse todas as atividades previstas para o dia na Câmara, chamasse colegas parlamentares à sala da presidência (a qual ele já ocupa) e discutisse as próximas atitudes no novo posto. De acordo com um assessor do deputado, o encerramento se deu devido à gravidade da situação.
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– O presidente de 513 pessoas foi afastado. Ele (Maranhão) tem que se reunir com o pessoal para ver que caminho tomar – disse o assessor.
Ao chegar à Câmara, Maranhão foi ao plenário, sentou-se na cadeira da presidência e anunciou o encerramento da sessão. O deputado deixou o plenário dizendo apenas que era preciso "aguardar" os desdobramentos da decisão do ministro Teori Zavascki. A transmissão ao vivo do plenário pela TV Câmara foi cortada, o que gerou protestos de deputados contrários à presidência de Cunha, que seguiram no plenário discursando. A "sessão informal" é presidida pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que está sentada na cadeira da presidência. Acompanham a deputada na Mesa Diretora colegas do PSOL, PT e PCdoB.
Descrito por interlocutores como um dos muitos aliados de Eduardo Cunha no Congresso, Maranhão não assume a pecha. A assessoria do deputado diz que ele não externa "nenhum posicionamento" sobre o presidente afastado – ainda que tenha sido eleito vice-presidente com o apoio do peemedebista e, em seu voto contra o impeachment da presidente Dilma, tenha se referido a Cunha como "meu presidente querido".
– Ninguém nunca viu ele tomar café com Cunha, ninguém nunca viu ele bater papo com Cunha. Ele foi eleito em uma chapa separada de Cunha. Não é aliado, não é parceiro – diz o assessor.
Investigado pela Operação Lava-Jato, o novo presidente da Câmara também não se pronuncia sobre denúncias de corrupção – segundo sua assessoria, ele está "absolutamente tranquilo". De acordo com as investigações, o doleiro Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro e investigado por outros crimes na Lava-Jato, afirmou que Waldir Maranhão foi um dos políticos do PP que receberam dinheiro por meio de uma empresa usada pelo doleiro para distribuir propina oriunda de contratos da Petrobras. O presidente interno da Câmara, contudo, ainda não se tornou réu, como Cunha.
Além da investigação da Lava-Jato, Maranhão também é alvo de outros dois inquéritos que também tramitam no STF, nos quais é acusado de crimes como lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos ou valores. O deputado do PP também traz no currículo outros questionamentos na Justiça Eleitoral. Ele teve suas contas de campanha de 2010 para deputado rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA).