A estrela da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ontem, era o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas quem roubou a cena, pelo didatismo, foi o ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, um adepto da transparência absoluta.
- Onde se dá transparência às informações, os índices de corrupção caem vertiginosamente - disse Hage pela manhã, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
No Piratini, com o salão Negrinho do Pastoreio lotado de conselheiros, secretários e assessores do governo, Hage apresentou os instrumentos de controle adotados pela União e mostrou como é possível fiscalizar os gastos públicos pelo Portal da Transparência. Com atualizações diárias e detalhadas dos gastos e transferências do governo, o portal permite acompanhar desde a situação dos servidores federais, com distribuição de cargos e remuneração individual, até as transferências para Estados e municípios.
O que mais impressionou na apresentação de Hage, pela possibilidade de ser adotado por governos e por órgãos de controle, foi o detalhamento do Observatório da Despesa Pública. Cruzando dados a partir de hipóteses preestabelecidas, o observatório permite identificar, por exemplo, se o Bolsa Família está sendo pago em nome de pessoas falecidas, se há casos de empresas de servidores públicos participando de licitações e se essas empresas fornecem produtos e serviços para órgãos em que trabalham seus sócios.
A defesa veemente que Hage fez da transparência contrasta com a insistência do governador Tarso Genro em não divulgar os salários nominais dos servidores públicos como fazem o governo federal, o Judiciário, o Ministério Público e os Legislativos. Tarso justificou a resistência:
- Os valores estão sendo divulgados. O que não estamos divulgando são os nomes, porque eu não sou abelhudo e não quero expor a intimidade das pessoas.