Um dos temas prioritários na eleição para a prefeitura de Lajeado, no Vale do Taquari, é como conter ou amenizar as frequentes cheias do rio que dá nome à região e margeia a cidade gaúcha de 96 mil habitantes.
Em maio, durante a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, 22% da área do município ficou submersa segundo o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP-RS). Boa parte das estratégias defendidas pelos concorrentes envolve o estabelecimento de parcerias com outras prefeituras da região e com os governos estadual e federal para implementar projetos como reconstrução de moradias em locais mais seguros e obras de contenção, além de reforçar a estrutura da Defesa Civil local.
Três nomes disputam a cadeira de prefeito: a atual vice-prefeita, Gláucia Schumacher (PP), e os vereadores Carlos Eduardo Ranzi (MDB) e Sérgio Kniphoff (PT). Gláucia e Kniphoff defendem mais abertamente a busca de soluções conjuntas com outros governos para reduzir os riscos das cheias.
— Precisamos do auxílio do Estado e da União para ações como sistemas de alerta e de monitoramento (climático) mais eficientes. Na última cheia, não sabíamos que tamanho ela teria — avalia a atual vice-prefeita, que promete buscar uma ação política coordenada com essas outras esferas.
Em seu plano de governo, a reconstrução da cidade e a prevenção diante de novos eventos é um dos três principais eixos. Entre as políticas previstas está a avaliação, por meio de estudos técnicos, da melhor forma de recompor a vegetação ribeirinha devastada pela enchente, além da desocupação e reaproveitamento das zonas inundáveis:
— Temos de nos apropriar dos terrenos em que moravam as pessoas mais atingidas, por meio de desapropriações, para construir parques e outras áreas que não voltem a ser habitadas. Se deixarmos isso sem uso público, voltarão a construir lá.
Kniphoff também prega uma solução mais ampla para a região, o que inclui a formação de um consórcio com os municípios vizinhos para a adoção de saídas conjuntas.
— Não tem como resolver sozinho o problema de Lajeado. Se pensar em prevenção e mitigação, só dragagem não é solução. Tem de desassorear, há estudos para represas em afluentes que poderiam reduzir o fluxo no Taquari, mas também é preciso pensar em mata ciliar, diques de contenção e planos para retirar moradores de áreas alagadiças, mas sem truculência — argumenta o candidato do PT.
O emedebista Carlos Ranzi destaca um plano para construir prédios capazes de abrigar mil famílias que vivem nas áreas de maior risco. O custo estimado, de R$ 250 milhões, seria obtido "por meio de um financiamento com aval do governo federal, para pagar em 30 anos".
— A contrapartida das famílias beneficiadas seria os terrenos que hoje estão situados nessas cotas que vão de 19 metros até 27 metros, que é a partir de onde tu poderia (regularmente) construir casa para morar — afirma Ranzi.
O concorrente do MDB acena ainda com um programa de incentivos a setores empresariais, a fim de reduzir o impacto das enchentes sobre a economia municipal, e com o reforço da Defesa Civil — ponto também defendido pelos demais candidatos. Ranzi sustenta que hoje a Defesa Civil local conta com dois cargos de confiança, que são substituídos quando assume uma nova gestão:
— A cada vez que troca governo, o conhecimento vai embora. Então, o nosso investimento na Defesa Civil inclui fazer um centro de operações onde teríamos o controle de vários indicadores.
Kniphoff tem um plano semelhante:
— Precisamos ter uma Defesa Civil profissionalizada. A maior parte, hoje, é contratada por cargos em comissão e, quando troca a gestão, sai. Não temos mais lugar para amadorismo.
Quem são os candidatos à prefeitura de Lajeado
Gláucia Schumacher (PP)
Aos 50 anos, está no segundo mandato como vice-prefeita na gestão de Marcelo Caumo e concorre pela primeira vez a prefeita. Natural de Lajeado e formada em jornalismo e em direito, foi professora universitária na área do direito e advogou por mais de 20 anos. É filha do ex-prefeito Claudio Pedro Schumacher, que comandou o Executivo de Lajeado por três mandatos até 2004.
Sérgio Kniphoff (PT)
Médico pediatra, de 67 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, mas atende no município de Lajeado há pouco mais de quatro décadas. É professor da faculdade de medicina na Universidade do Vale do Taquari (Univates), fundador da UTI Pediátrica do Hospital Bruno Born, e está concluindo o quarto mandato como vereador. Foi duas vezes candidato a vice-prefeito.
Carlos Eduardo Ranzi (MDB)
Natural de São Lourenço do Oeste, em Santa Catarina, chegou a Lajeado no final dos anos 1990. Aos 44 anos, é funcionário concursado do Banco do Brasil. Foi suplente de vereador em 2009, conquistando uma cadeira na Câmara Municipal na eleição seguinte. Em 2017, foi o candidato mais votado do município para o Legislativo. Atualmente, está na terceira legislatura.