Para o vice-presidente da República e senador eleito, Hamilton Mourão, não há possibilidade de intervenção militar no Brasil, como pedem manifestantes bolsonaristas em atos ao longo desta semana. Pessoas bloqueiam rodovias do país e protestam em frente a instalações militares, pedindo que as Forças Armadas evitem a posse do vencedor nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva, destituam ministros do Supremo Tribunal Federal e mantenham Jair Bolsonaro no poder.
— Algumas pessoas interpretaram de uma maneira errônea ou enviesada o que diz o artigo 142 da Constituição, quando coloca como ambição das Forças Armadas, uma delas, a garantia dos poderes constitucionais. Mas nenhum dos poderes constitucionais está ameaçado hoje. Então não existe essa possibilidade (de intervenção militar) — avaliou Mourão, que é general da reserva do Exército brasileiro.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o senador eleito disse que há um "sentimento de frustração" pela derrota de Bolsonaro na eleição, mas que o resultado deve ser respeitado:
— O vencedor da eleição, na opinião de todo o nosso grupo, não poderia participar dessa eleição. Uma manobra espúria, feita pela Suprema Corte, o colocou de volta no jogo. Aí nós aceitamos jogar esse jogo, então não tem mais o que chorar.
O general Hamilton Mourão ainda comentou que todo protesto que cerceia o direito de ir e vir das pessoas "não é válido".
— Como não era válido quando o MST, o MTST bloqueavam estradas, bloqueavam ruas. A direita não pode cair na mesma esparrela e protestar dessa forma. Existem outras formas de fazer protesto. Sem impedir livre circulação de bens, mercadorias, pessoas. Que isso não é bom não só para a economia, mas principalmente para o dia a dia das pessoas, de todos nós — avaliou.
O vice-presidente da República disse acreditar que os bloqueios vão estar totalmente suspensos entre esta sexta-feira (4) e sábado (5).
"Oposição ao governo, não ao Brasil"
Senador eleito, Hamilton Mourão ponderou que o governo Lula enfrentará forte oposição no congresso, mas prometeu dialogar pelos interesses do Rio Grande do Sul. Para ele, haverá "oposição ao governo, mas não ao Brasil".
— Eles que façam a festa deles no dia 1º de janeiro, pois a partir do dia 2 o couro vai comer — projetou, se referindo aos apoiadores do presidente eleito.
Mourão também destacou que já fez contato com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para que possam encaminhar a transição entre os gabinetes dos vices. Questionado se passará a faixa presidencial, caso Jair Bolsonaro decida não fazê-lo, respondeu que não há previsão para isso.