O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na manhã desta terça-feira (25) que, se eleito no próximo domingo (30), terá de abrir diálogo com o Congresso imediatamente. O presidenciável concedeu entrevista à Rádio Nova Brasil.
— Se ganharmos as eleições, vamos ter de começar a conversar com o Congresso já. Teremos de encontrar um meio de discutir com o Congresso para que a gente possa colocar o dinheiro necessário para cumprir aquilo que está previsto — afirmou Lula.
O ex-presidente afirmou ainda que "vai demorar um tempo para arrumar a casa" e fazer mudanças no orçamento, mas defendeu começar a discussão sobre reforma tributária, que atualmente está parada no Legislativo.
— Vai demorar um tempo para a gente ir arrumando a casa, acertar com o Congresso, fazer as mudanças no orçamento e para que a gente possa, inclusive, começar a discutir uma política tributária que seja mais justa, de quem ganha mais pague mais e quem ganha menos pague menos — declarou.
O petista voltou a defender uma política tributária que garanta isenção de impostos de pessoas que ganham até R$ 5 mil.
Na segunda-feira (24), o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), prometeu que Lula, se eleito, vai promover uma reforma tributária que incluirá a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em substituição a cinco tributos. "A reforma ajudará a economia a crescer. O Brasil será outro", publicou o ex-tucano nas redes sociais.
Questionado sobre como garantir maior investimento em educação diante de um orçamento engessado, Lula disse que será preciso fazer "remanejamento" nas contas públicas.
— Eu não conheço o orçamento todo, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não foi aprovada totalmente ainda pelo Congresso Nacional. Quando a gente chegar, vamos pegar o orçamento feito pelo governo agora. E nós precisamos então ver que tipo de remanejamento possamos fazer para colocar mais dinheiro na educação — comentou.
Fundos de pensão e privatizações
Na entrevista, Lula também afirmou que, em um eventual novo governo, não manterá empresas estatais deficitárias e falidas, mas criticou as privatizações.
— Empresas estatais vão ficar aquelas que produzem e que são rentáveis, você não vai manter uma empresa estatal que não dá lucro, uma empresa falida e que só dá despesa. Sobre privatizações, esse negócio de destruir o patrimônio público sem colocar nada no lugar não está na minha cabeça. A Petrobras não será privatizada — prometeu.
— Se criou a mentalidade de que tudo do Estado é ruim e se vende. Por exemplo, a gente tinha empresa de fertilizante, elas foram vendidas e agora Brasil está dependendo de fertilizante de um país que está em guerra — emendou o ex-presidente, em referência à Rússia.
Questionado sobre denúncias de corrupção nos fundos de pensão de estatais durante os governos do PT, Lula fez referência aos instrumentos de transparência.
— O que aconteceu no nosso governo é que a gente teve a capacidade de tirar o tapete da sala para deixar as coisas descobertas. O que precisaria ser elogiado no governo do PT é o Portal da Transparência, onde vocês jornalistas poderiam acompanhar em tempo real cada centavo que a gente gastava. (...) Tudo isso parou de funcionar — pontuou Lula.