A região Sul é a que tem mais denúncias de assédio eleitoral no ambiente de trabalho registradas no país nas eleições de 2022. A informação está em levantamento divulgado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Até esta terça-feira (11), foram 186 registros do tipo no Brasil, sendo 96 deles nos três Estados do Sul.
O assédio ou coação ocorre quando o empregador ou um candidato ameaça o eleitor com piora das condições de trabalho ou mesmo perda do emprego ou quando promete a ele benesses no trabalho em troca de voto. A prática é um crime previsto no artigo 301 do Código Eleitoral.
O Rio Grande do Sul registrou 30 denúncias, ficando atrás somente do Paraná, com 42 registros do tipo. Logo em seguida está Santa Catarina, onde foram registrados 24 casos de assédio eleitoral até o momento.
O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) ajuizou na última sexta (7), junto à Vara do Trabalho de Carazinho, uma ação civil pública por conta da atuação da empresa de implementos agrícolas Stara, com sede em Não-Me-Toque.
Em uma carta distribuída a fornecedores, a empresa diz que cortará em 30% o orçamento caso se repita no segundo turno o resultado do primeiro, ou seja, Lula vença Jair Bolsonaro na disputa pela Presidência da República.
Além disso, circulam vídeos em que diretores da empresa pedem aos funcionários que votem no candidato do PL. Presidente-executivo da companhia, Átila Trennepohl, publicou vídeo em rede social no qual argumenta que a carta, direcionada "exclusivamente" aos fornecedores, atualizava projeções da empresa, como é praxe. O presidente do conselho de administração da Stara e vice-prefeito de Não-Me-Toque, Gilson Trennepohl, pai de Átila, em entrevista à jornalista Giane Guerra, negou que tenha havido coação e disse que o comunicado aos fornecedores é "natural".
Após o caso da Stara vir a público, surgiram outros entre companhias instaladas no Rio Grande do Sul.
No Paraná, também repercutiu a ameaça feita por uma empresa do setor da construção civil. A companhia informou que pretende demitir 30% dos funcionários, caso Lula vença as eleições.
A região Sudeste teve 43 casos denunciados, a maioria em Campinas e região, áreas fortemente agrícolas no Estado de São Paulo. No Nordeste foram registrados 23 crimes de coação eleitoral; no Centro-Oeste, 13; e 11 no Norte.
Para fins de comparação, na eleição de quatro anos atrás, cerca de 10 dias após o primeiro turno, até 19 de outubro de 2018, foram registradas 199 denúncias de assédio eleitoral no trabalho no país.