A Justiça Eleitoral gaúcha iniciou, nesta sexta-feira (16), a preparação das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições deste ano em Porto Alegre. O procedimento de “carregamento das urnas” consiste na inserção dos dados de eleitores e candidatos nos dispositivos, mediante controles que reforçam a segurança do processo eleitoral.
Grande parte dos municípios do Rio Grande do Sul deve começar essa preparação na próxima segunda-feira (19). No total, serão utilizados 29 mil dispositivos para votação no Estado e a expectativa é que todas estejam prontas até 26 de setembro.
O chefe da Seção de Administração de Urnas e Voto Informatizado, Vanderlei dos Santos, demonstrou a programação de um dos equipamentos que será usado na 111ª Zona Eleitoral da Capital – a primeira a ter seus dispositivos carregados no Estado neste ano –, incluindo a instalação dos lacres necessários.
A demonstração foi realizada após a coletiva do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE/RS), que contou com a presença do presidente da Corte, desembargador Francisco José Moesch, e do secretário da Tecnologia de Informação, Daniel Wobeto, na manhã desta sexta. Em sua fala, o desembargador destacou que essas são as eleições mais desafiadoras da democracia brasileira e reforçou a segurança das urnas:
— Em 26 anos, não tem nenhuma reclamação fundamentada sobre a segurança das urnas eletrônicas. As urnas são preparadas sob coordenação direta das zonas eleitorais, em um processo cuidadoso para que todas estejam aptas para serem utilizadas no dia 2 de outubro.
De acordo com Wobeto, o Rio Grande do Sul recebeu 11 mil urnas novas e elas foram levadas para 17 municípios gaúchos. Mas, para que os dispositivos novos fossem encaminhados aos locais de votação, foi preciso envolver praticamente todas as zonas eleitorais.
— As urnas novas de Porto Alegre estão todas aqui, assim como as urnas que tiveram de ser recolhidas e movimentadas para que nós pudéssemos levar as novas para 17 municípios — disse o secretário, apontando que a preparação é a última fase de um trabalho muito seguro.
— Nunca foi dada a carga em uma urna etiquetada com a seção errada, nunca foi parar uma urna na caixa errada e jamais foi parar uma urna na seção errada. Isso é fruto do controle que é executado não só aqui, mas em todo o Interior do Estado para garantir que a preparação das urnas se dê da melhor forma possível. Isso segue a linha do trabalho feito em todas as áreas da Justiça Eleitoral ao longo de toda a preparação da eleição — explicou Wobeto.
O secretário também esclareceu que os programas das urnas são colocados em dispositivos semelhantes a pendrives, que são utilizados para carregar as máquinas de votação. E salientou que há toda uma cadeia tecnológica complexa e muito evoluída no Brasil que garante que a urna rejeite qualquer software que não seja aquele fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – inspecionado por diferentes entidades no ano passado.
As equipes contratadas pela Justiça Eleitoral são responsáveis pela operação das urnas, sob supervisão direta de representantes da Secretaria de Tecnologia da Informação do TRE, afirmou Wobeto. Nos próximos dias, cada zona eleitoral vai acompanhar a carga de suas máquinas, que serão distribuídas aos locais de votação no dia 30 de setembro e na véspera do primeiro turno (1º de outubro).
Como funciona o carregamento das urnas
Segundo Vanderlei dos Santos, cada urna precisa passar pela inserção do programa de forma individual, já que os dispositivos não são conectados em rede. São preparadas cerca de 300 urnas por dia, em um processo de três etapas, que leva em torno de 10 minutos. Em Porto Alegre, serão 3.061 urnas de seção, além de 200 reservas. O chefe da Seção de Administração de Urnas e Voto Informatizado demonstrou a preparação da urna da seção 1, da 111ª Zona Eleitoral da Capital.
Confira, abaixo, o passo a passo do carregamento:
- Os cartões de memória de carga (uma espécie de pendrive que permite a inserção dos aplicativos e das tabelas de eleitores e candidatos nas urnas) são gerados nas zonas eleitorais, lacrados e entregues para a equipe que faz a preparação das urnas;
- O pacote com todos os cartões da zona é deslacrado e os funcionários precisam identificar qual corresponde à seção que está sendo preparada;
- O primeiro passo é inserir o pendrive na urna e ligá-la, para que verifique se os programas são autênticos e permita a instalação. A máquina demora alguns instantes para fazer todas as verificações necessárias;
- Ao ligar, a urna solicita a data e o horário, isso garante que o dispositivo só funcione no período que foi programado para funcionar. Também pede que o funcionário confirme qual a seção quer carregar, já que um cartão tem várias seções gravadas;
- Depois disso, inicia a formatação da mídia interna da urna e a instalação de todos os aplicativos necessários para que o eleitor possa votar. Neste momento, imprime um extrato de carga, para informar que o dispositivo está carregado;
- Em seguida, é confirmado o número de correspondência e a mídia de carga pode ser retirada;
- Na segunda etapa do processo de carga, é preciso inserir a mídia de votação e a mídia de resultado de votação na urna – ambas ficam no dispositivo até o final da eleição. A primeira mídia grava todos os dados ao longo do processo de votação. Em casos de defeito na urna, ela pode ser transferida para outra máquina, sem perda de dados. A segunda grava o resultado e será retirada pelo mesário no final do processo;
- Após a instalação das mídias, liga-se a urna novamente para fazer o espelhamento da mídia interna para a externa. Também é feito um teste para verificar que todos os recursos do dispositivo estão funcionando (teclado, alto falante, áudio para eleitores deficientes visuais, bateria, botão de liga-desliga e impressora);
- O teclado do mesário, que é virtual, também deve ser testado, assim como os leds, sinal sonoro e biometria. Feito isso, a urna é reiniciada para verificar se realmente está pronta para a eleição;
- O processo final é o de lacração das portas da urna e do terminal do mesário. Cada urna recebe seis lacres.