Nesta segunda-feira (22), o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou confiança de que o resultado das eleições 2022 será acatado, apesar da ofensiva do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, ao sistema eleitoral brasileiro.
— Tenho certeza de que aqui no Brasil o resultado eleitoral será acatado sem nenhum questionamento — afirmou Lula em entrevista à imprensa internacional.
O ex-presidente da República chamou Bolsonaro de "cópia malfeita" do ex-presidente norte-americano Donald Trump e citou a invasão do Capitólio, mas descartou algo na mesma linha com efetividade no Brasil.
— Esse cidadão Bolsonaro pode ficar certo que o resultado das eleições será acatado puramente. Resultado é assim, quem perder acata, quem ganhar acata — avaliou.
Lula também declarou que o Brasil vive momento de "confusão nas instituições". No discurso, feito em hotel em São Paulo, o petista alegou que o atual presidente não respeita as instituições.
— Estamos vivendo situação anômala, em se tratando de país democrático. O Brasil nesse instante vive momento de confusão nas instituições brasileiras porque o presidente faz questão de não respeitar as instituições que foram criadas para fortalecer o processo democrático brasileiro — disse.
Lula reafirmou que quem for eleito em outubro pegará um Brasil pior dos pontos de vista político, econômico e social do que ele recebeu ao ganhar as eleições pela primeira vez, em 2002.
— Esse país está como se fosse um pária da sociedade, porque ninguém quer conversar com nosso governo e nosso governo não quer conversar com ninguém. Quem ganhar em 2023 vai ter tarefa imensa, e nobre, de recuperar as relações internacionais. Há muita fake news na tentativa de conturbar boas intenções e cabeça de brasileiros — seguiu, sem citar a recente enxurrada de fake news sobre uma suposta oposição entre o PT e as igrejas evangélicas, movimento protagonizado pelo bolsonarismo.
Governança mundial
Lula também avaliou ser necessária a criação de uma "nova governança mundial" para discutir as questões climáticas "com mais seriedade e respeitabilidade". Ele pediu o nascimento de instituições que "ajam diferente" do Fundo Monetário Internacional (FMI).
— O Brasil tem potencial extraordinário de voltar a ser protagonista internacional, discutindo em igualdade de condições com todos os países do mundo. Inclusive para que a gente possa inclusive discutir uma nova governança mundial. Tudo que foi criado em 1948, depois das Nações Unidas, é preciso que haja certa renovação. É preciso que haja outras instituições, que ajam diferente do FMI, é preciso que haja outros países participando do Conselho de Segurança. Uma nova geopolítica mundial para discutir essa questão climática — acrescentou.
Ao citar a Amazônia, o ex-presidente defendeu a soberania brasileira, mas citou a possibilidade de "cooperação com a ciência" e que é necessário explorar todo potencial de biodiversidade.
— Não precisamos derrubar mais nenhuma árvore para plantar mais soja. É plenamente possível você fazer uma luta muito dura contra o desmatamento, queimadas nesse país, envolvendo prefeitos — defendeu.
Juros e inflação
Lula prometeu que um eventual novo governo petista faria um "trabalho duro" para baixar juros e inflação no país. O ex-presidente também garantiu que a situação econômica desafiadora não é "novidade" para ele.
— Vamos ter que fazer um trabalho imenso, duro, de muita seriedade para trazer a taxa de juros para número considerado razoável pela sociedade brasileira. Segundo, trabalhar para trazer a inflação para patamar que seja razoável. Para mim não existe novidade em pegar o país na situação que está hoje. Eu já peguei uma vez. O que acontece é que agora está mais desindustrializado do que estava em 2003 — pontuou.
Política monetária
O candidato do PT à Presidência da República também afirmou que a decisão de política monetária do Banco Central não pode ser "apenas um instrumento para conter a inflação". Lula defendeu, ainda, a redução do preço dos combustíveis patrocinada pelo governo atual juntamente da recuperação da capacidade de investimento e crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
— Vamos cuidar de preços administrados e vamos cuidar de aumentar a capacidade produtiva de alimento desse país para que a gente não tenha aumento de inflação. A gente precisa convencer investidores estrangeiros para fazer investimento em algo novo — finalizou.