A propaganda eleitoral no rádio e na TV para as eleições gerais de 2022 começa nesta sexta-feira (26). Entre as segundas-feiras e os sábados, serão quatro blocos diários de 25 minutos cada, sendo dois deles no rádio e os outros dois na TV para que se apresentem ao eleitor os candidatos a presidente, governador, senador, deputados federal e estadual.
No primeiro turno, a propaganda irá se estender até 29 de setembro, contando ainda com inserções de 30 segundos e 60 segundos ao longo das programações.
Nesta sexta-feira, data de estreia, destaque para as peças dos candidatos a governador do Rio Grande do Sul.
As estratégias de seis candidatos ao Piratini, todos com mais de 40 segundos de exibição
Edegar Pretto (PT)
Tempo no rádio e TV: 1 minuto e 33 segundos
O ativo que será mais explorado é a figura do ex-presidente Lula, que concorre novamente à Presidência. Líder nas pesquisas, Lula será presença constante, buscando colar Edegar Pretto na sua imagem para alavancar a votação. Serão usadas imagens de arquivo e Lula deve gravar conteúdo manifestando apoio a Pretto. Olívio Dutra (PT), candidato ao Senado, também marcará presença.
Nos primeiros programas, será feita a apresentação da história política e familiar de Pretto, deputado estadual de terceiro mandato que é desconhecido de parte da população. Candidato a vice-governador na chapa, Pedro Ruas (PSOL) deverá ter participação nas peças pela força do seu partido em Porto Alegre. As propostas terão foco na economia.
— Duas questões são importantes: um novo ciclo de desenvolvimento com a participação forte do Estado, dos bancos públicos e das políticas públicas, e a nossa relação com um possível governo do Lula, tendo preocupação central com renda, empregos e oportunidades — diz Mari Perusso, coordenadora geral da campanha.
Eduardo Leite (PSDB)
Tempo no rádio e TV: 3 minutos e 44 segundos
O maior dentre os tempos será aproveitado pela equipe do ex-governador Eduardo Leite, candidato à reeleição, para prestar contas. A ideia é que isso funcione como valorização de políticas e defesa aos ataques de adversários, já que Leite será a principal vidraça. Terão destaque os investimentos em infraestrutura, saúde, privatizações, concessões, os resultados da segurança pública e o reformismo.
— Só a reforma administrativa vai gerar economia de R$ 20 bilhões em 10 anos. Esse dado vamos apresentar de cara. São coisas que as pessoas não conseguem saber no cotidiano porque as atenções estão muito fragmentadas — diz Fábio Bernardi, coordenador de marketing da campanha de Leite.
Sobre o fato de o ex-governador ter renunciado, tentado concorrer à Presidência e, depois, voltado a se lançar ao Palácio Piratini, Bernardi diz que o tema será tratado “lateralmente”.
— Isso não mudou a vida das pessoas. Não é algo que nos preocupe, mas vamos contextualizar — avalia Bernardi.
Leite deverá focar nas questões do Estado, sem pautar a disputa presidencial, e o seu candidato a vice-governador Gabriel Souza (MDB) será aproveitado em rádio e TV.
Luis Carlos Heinze (PP)
Tempo no rádio e TV: 58 segundos
A primeira semana de programas terá foco no conceito do “Rio Grande gigante”, desenvolvido para a campanha do senador Luis Carlos Heinze ao Palácio Piratini. O lema carrega consigo a percepção de que o Rio Grande do Sul é um lugar que desperta amor em sua população, mas, junto desse sentimento positivo, vem a avaliação de que está na hora de dar um salto, de conquistar algo mais. A estratégia levará Heinze a focar nas propostas para infraestrutura e desenvolvimento econômico nos programas. O senador será apresentado como um gestor no estilo “tocador que faz acontecer”. A educação deve aparecer com ênfase. A avaliação da equipe é de que o eleitor está “cansado” do radicalismo político. Neste aspecto, Heinze buscará ser propositivo, com tom equilibrado.
— Queremos discutir o Rio Grande no primeiro momento. O senador vai defender o presidente Bolsonaro nos programas, eles são amigos há mais de 20 anos, mas não tem muito o que detalhar nisso — avalia o jornalista Alexandre Teixeira, coordenador de marketing da campanha de Heinze.
Onyx Lorenzoni (PL)
Tempo no rádio e TV: 1 minuto e 31 segundos
A equipe afirma que os programas servirão para apresentar um plano de governo com “foco nas pessoas”. Um bordão que Onyx Lorenzoni tem repetido, o de “tirar pedras do caminho”, será um dos pilares das propostas para o desenvolvimento.
— O foco é na simplificação para o empreendedor e nas oportunidades. Às vezes, a pessoa só precisa de oportunidade. Outro foco será na educação na primeira infância — afirma Daniel Ramos, coordenador de comunicação da campanha de Onyx.
Embora tenha sete mandatos de deputado estadual e federal e tenha sido ministro da confiança do presidente Jair Bolsonaro, a equipe avalia que será preciso apresentar a biografia do candidato para combater certo “nível de desconhecimento” que persiste. Onyx tem aproveitado todas as oportunidades para vincular sua imagem à de Bolsonaro, mas a equipe de comunicação não confirma se terá vídeos do presidente pedindo votos nele.
Ramos salienta que não haverá preocupação em modular o discurso de Onyx, conhecido pela contundência. A equipe assegura que eventuais ataques ao ex-governador Eduardo Leite (PSDB) não estão no centro dos programas.
— Não temos inimigo nem foco no Eduardo Leite. Quando a crítica for cabível, ela virá, em relação a qualquer candidato — afirma Ramos.
Vicente Bogo (PSB)
Tempo no rádio e TV: 41 segundos
Vicente Bogo será apresentado como um candidato capaz de “recompor o ambiente político do Estado”, de superar o clima belicoso da polarização e de “criar condições para um pacto político” pelas questões mais urgentes.
— O programa é baseado no binômio educação e desenvolvimento. Temos de recuperar e pensar a educação em um contexto de desenvolvimento econômico, com base na inovação tecnológica — avalia Renato Steckert de Oliveira, coordenador-geral da campanha de Bogo.
Nos programas, será apresentada a intenção de revisar o acordo de Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para pagamento da dívida com a União, feito pelo atual governo. A avaliação é de que o acordo inviabiliza investimentos de médio e longo prazo e engessa a máquina pública.
A biografia de Bogo, ex-vice-governador e ex-deputado federal constituinte, com atuação em meios empresariais e no cooperativismo, será valorizada frente ao espectador. O PSB está na chapa de Lula (PT) na eleição presidencial, mas Bogo não se apresentará como candidato do petista no Estado. Apesar disso, haverá menções de apoio à chapa nacional entre Lula e Geraldo Alckmin (PSB).
Vieira da Cunha (PDT)
Tempo no rádio e TV: 44 segundos
A educação, os seus problemas atuais e as propostas para o setor, como a escola de tempo integral, serão o “grande assunto” de Vieira da Cunha, conforme define Francisco Spiandorello, coordenador de marketing da campanha.
Serão valorizadas realizações de Vieira ao longo da carreira política, como a gestão à frente da CEEE, quando ingressou com um processo contra a União que, anos depois, injetou nos cofres gaúchos uma indenização de cerca de R$ 4 bilhões. Outras ações parlamentares de Vieira serão apresentadas como ativos: é o caso da relatoria da norma que permitiu a colaboração premiada e a autoria da lei nacional de combate ao bullying.
— A maioria das pessoas conhece ou já ouviu falar do Vieira. A questão é que a atuação dele é muito mais importante do que se imagina. Isso dá envergadura, mostra a experiência dele e qualifica na disputa eleitoral — diz Spiandorello.
A revisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), considerado pelo candidato comprometedor para o futuro, será abordada. O presidenciável Ciro Gomes (PDT) fará aparições para pedir votos. No debate da educação, deverá ser lembrada a figura de Leonel Brizola, ícone pedetista, mas com “olhar para o futuro e às tecnologias”, destaca Spiandorello.
Outros postulantes ao governo do RS
Roberto Argenta (PSC) terá 28 segundos de tempo de rádio e TV. Já Ricardo Jobim (NOVO) terá 16 segundos. Os candidatos Carlos Messalla (PCB), Paulo Roberto (PCO) e Rejane de Oliveira (PSTU) não terão tempo de rádio e TV porque seus partidos ficaram abaixo da cláusula de barreira de votos na eleição de 2018.
Força da TV
Após a eleição geral de 2018, houve quem apontasse o fim da propaganda na TV como instrumento relevante nas campanhas a cargos públicos. Naquele ano, Jair Bolsonaro concorreu pelo PSL, uma sigla até então minúscula e com pouco tempo de TV, mas venceu a eleição com enormes engajamentos em redes sociais.
Para o marketeiro Fábio Bernardi, aquele fenômeno foi possível porque Bolsonaro se dedicou a construir uma militância digital de forte participação por quatro anos, entre 2014 e 2018. Quando os candidatos tentaram acompanhá-lo na hora do pleito, foram atropelados pela máquina bolsonarista. Hoje, essa relação está mais equilibrada e as redes sociais passaram a ser alvo de maiores regulações pelas autoridades após sucessivos episódios de desinformação e fake news.
— Os meios de comunicação tradicionais pautam o debate e as conversas familiares. A TV vai continuar sendo importante porque causa muito impacto. Basta ver a repercussão das entrevistas do Jornal Nacional (da TV Globo) com os candidatos a presidente — avalia Bernardi.
Já o marqueteiro Francisco Spiandorello analisa que há, hoje, mais desconfiança aos conteúdos que circulam em redes sociais. Por conta disso, ele entende que a veiculação em canais da mídia tradicional atribui aos conteúdos um “caráter formal importante para a construção do candidato”.
Dias e horários da propaganda eleitoral no rádio e na TV
Segundas, quartas e sextas
- Programas dos candidatos ao Senado: das 7h às 7h05min e das 12h às 12h05min no rádio; e das 13h às 13h05min e das 20h30min às 20h35min na TV
- Programas dos candidatos a deputado estadual: das 7h05min às 7h15min e das 12h05min às 12h15min no rádio; e das 13h05min às 13h15min e das 20h35min às 20h45min na TV.
- Programas dos candidatos a governador: das 7h15min às 7h25min e das 12h15min às 12h25min no rádio; e das 13h15min às 13h25min e das 20h45min às 20h55min na TV.
Terças, quintas e sábados
- Programas dos candidatos à Presidência: das 7h às 7h12min30seg e das 12h às 12h12min30seg no rádio; e das 13h às 13h12min30seg e das 20h30min às 20h42min30seg na TV.
- Programas dos candidatos a deputado federal: das 7h12min30seg às 7h25 e das 12h12min30seg às 12h25min no rádio; e das 13h12min30seg às 13h25min e das 20h42min30seg às 20h55min na TV.