Em passagem relâmpago de menos de quatro horas pelo Rio Grande do Sul, o candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, prometeu nesta quarta-feira (24) rever a dívida gaúcha com a União caso seja alçado ao Planalto na eleição em outubro. O presidenciável discursou na Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, ao lado dos candidatos a governador, Vieira da Cunha (PDT), e ao Senado, Professor Nado (Avante), além de concorrentes a deputado e apoiadores.
— Eu quero para mim um lugar na história de novo libertador do Rio Grande. Nós vamos revogar todos os contratos, pegar 100% da dívida do Rio Grande e rolar para o futuro, deixando de 12% a 15% da receita do RS, que hoje vão para Brasília, na mão de um generoso projeto de investimento que vai retomar a qualidade das políticas públicas, que no passado eram exemplo para o Brasil inteiro — exclamou no palanque.
Mais tarde, em entrevista a jornalistas, Ciro disse que a sua proposta é chamar os governadores eleitos e os prefeitos nos primeiros seis meses de um eventual governo para “celebrar um novo entendimento” a respeito das dívidas. O pedetista argumentou que os débitos de Estados e municípios com a União somam menos de 10% de toda a dívida pública nacional, condição que abriria espaço para “um novo pacto federativo”.
Em tom ufanista, Ciro apelou para a história e sugeriu que a renegociação da dívida gaúcha foi proposta na década de 1990 pelo governo federal, à época do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como forma de colocar o Estado “de joelhos na política nacional de propósito”.
— Essa fórmula de explodir a dívida, de o Rio Grande contratar R$ 9 bi, pagar R$ 30 bi e ficar devendo R$ 90 bi, foi urdida deliberadamente pelo baronato de São Paulo para vergar os joelhos do Rio Grande e dos mineiros como vingança à Revolução de 1930 — afirmou o candidato, em referência à insurreição liderada por Getúlio Vargas, que pôs fim à política do café com leite de revezamento entre presidentes paulistas e mineiros na República Velha.
Ciro veio ao Estado e cumpriu apenas duas agendas. A primeira delas foi a gravação de uma entrevista à Rádio Gaúcha, na sede do Grupo RBS. Na sequência, o candidato foi para o Centro Histórico para a inauguração de uma placa com a carta-testamento de Getúlio Vargas — o memorial anterior, no mesmo local, havia sido furtado. Nesta quarta, completaram-se 68 anos desde o suicídio do presidente, considerado um dos maiores símbolos do trabalhismo brasileiro, ao lado de Leonel Brizola e João Goulart.
— Nós viemos aqui para prestar essa homenagem a Getúlio. Ela tem uma dupla finalidade: é um gesto de gratidão de todos nós que vivemos em um país pelo qual ele se sacrificou para existir, mas é um gesto também de apelo a todos os jovens brasileiros para que saiam de seu comodismo e individualismo — declarou.
Após os discursos, Ciro concedeu breve entrevista coletiva e saiu em caminhada com a militância pela Rua dos Andradas. Pelo trajeto, o presidenciável era observado por uma parte do público, que permanecia parado em frente às lojas, enquanto simpatizantes se aproximavam para tirar selfies.
Ciro andou até a Esquina Democrática e, de lá, caminhou até a Avenida Salgado Filho. Por volta das 17h20min, o candidato do PDT embarcou na traseira de uma caminhonete, seguiu para o aeroporto e voou direto para São Paulo, onde ainda concederia entrevista à Jovem Pan na noite desta quarta-feira.