Sem conseguir ampliar as alianças e construir uma chapa única com os principais partidos de centro-esquerda no Estado, o PT recorreu a uma solução caseira e lançou, nesta segunda-feira (25), o nome do ex-governador Olívio Dutra para disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul.
Até a convenção, marcada para domingo (31), o partido promete anunciar outros dois nomes para suplentes de Olívio na disputa ao Senado. Em caso de vitória eleitoral, os três se revezariam, a cada seis meses, no cargo de senador pelos próximos oito anos, realizando uma espécie de mandato coletivo.
Na prática, Olívio pediria licença do mandato, o que abriria espaço para o primeiro suplente. Meio ano depois, o primeiro suplente também pediria licença e abriria espaço para o segundo suplente. Mais seis meses depois, Olívio voltaria da licença e reiniciaria o revezamento.
— A entrada de Olívio como pré-candidato com essa proposta inovadora de mandato coletivo é mais uma possibilidade que estamos oferecendo aos partidos que estão coligados com Lula de estarem conosco (na chapa estadual). Não é só para figurar (como suplente), mas para assumir e ter um mandato compartilhado — disse Edegar Pretto (PT), que lidera a chapa como pré-candidato ao governo do Estado.
O convite para Olívio retomar as disputas eleitorais, de acordo com a direção estadual do partido, foi uma solução apresentada pelo ex-presidente Lula. O desejo do PT era contar com Manuela D'Ávila (PCdoB) ou com Beto Albuquerque (PSB) na corrida ao Senado. A ex-deputada, contudo, decidiu ficar fora das eleições de 2022, enquanto Beto não aceitou abrir mão de sua candidatura para se aliar ao PT.
— Nós fizemos um esforço para que o PT pudesse oferecer essa vaga ao Senado para uma candidatura competitiva. A partir do momento em que não tivemos êxito em compor (uma aliança), procuramos entre os nossos filiados aqueles que têm mais densidade eleitoral — explicou o presidente estadual do PT, Paulo Pimenta.
A decisão de Olívio de disputar o Senado pegou de surpresa até mesmo líderes petistas. O nome dele e de Tarso Genro vinham sendo reiteradamente lembrados pelo ex-presidente Lula, em conversas reservadas. Na última semana, após o PSB reafirmar a candidatura própria, a cúpula do PT correu para convencer um dos fundadores do partido a se fardar, aos 81 anos, para a disputa.
A entrada de Olívio como pré-candidato com essa proposta inovadora de mandato coletivo é mais uma possibilidade que estamos oferecendo aos partidos que estão coligados com Lula de estarem conosco (na chapa estadual).
EDEGAR PRETTO
Líder da chapa petista como pré-candidato ao governo do RS
No domingo (24), em almoço com Edegar Pretto, Olívio disse sim para o chamamento e, na manhã desta segunda-feira, recebeu ligação de Lula agradecendo pela disposição.
No início da tarde desta segunda, participou de um ato político chamado às pressas na sede do PT estadual, em Porto Alegre, discursou, mas se negou a falar com a imprensa. Em seu discurso, chamou Lula de "mestre" e "companheiro" e prometeu que sua candidatura terá "gana".
— Não vamos cair na armadilha da ignorância, da violência. Nossa palavra vai ser de conteúdo programático, esperança, fraternidade — disse Olívio.
Crítico da sigla nos escândalos de corrupção
O ex-governador foi um dos correligionários do partido mais críticos à própria legenda após os escândalos de corrupção nos governos petistas. Questionado sobre o assunto em entrevista coletiva, Edegar Pretto destacou a importância das duras falas de Olívio nos últimos anos.
— Olívio Dutra sempre nos manteve com os nossos pés firmes nas nossas raízes. Somos um partido formado por pessoas, seres humanos passíveis de erros, e Olívio sempre foi um atencioso militante que nos manteve sempre muito presente na avaliação permanente — defendeu Pretto.
Até a convenção partidária do PT, no domingo, a chapa liderada por Pretto ainda precisa encontrar um nome para disputar o cargo de vice-governador. O partido ainda alimenta esperanças de que o PSB mude de postura e indique um nome.