O PSB confirmou a candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque ao governo do Rio Grande do Sul na manhã deste sábado (23), em convenção realizada no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. Em isolamento devido à covid-19, Beto participou remotamente e foi o último a discursar, com reprodução em vídeo.
O agora candidato fez críticas ao pagamento da dívida do Estado com a União, a qual ele considera já estar quitada, e se posicionou contra às possíveis privatizações do Banrisul e da Corsan. Também comentou em tom crítico a adoção de pedágios rodoviários durante a gestão do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que irá postular mais quatro anos à frente do Palácio Piratini.
No plano nacional, o ex-deputado disse que um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL) será dedicado ao “autoritarismo”. Beto afirmou que o governo federal não tem como propósito cuidar de problemas da vida real da população, como saúde e emprego. Ele também citou a crise dos combustíveis e declarou que “o governo federal não quis mudar o lucro exorbitante da Petrobras”.
— Não vamos resolver o problema enquanto o Brasil não voltar a refinar o seu petróleo. Nós extraímos petróleo em real e estamos importando gasolina e óleo diesel em dólar a R$ 5,46 — afirmou.
As posições de candidato a vice-governador e ao Senado na chapa liderada por Beto foram deixadas em aberto. A intenção é tentar atrair aliados que indiquem nomes para compor a nominata até o prazo limite, em 5 de agosto. Caso não consiga aliados, o PSB terá de lançar uma chapa pura. Neste caso, o indicativo é de que o ex-vice-governador Vicente Bogo, recentemente filiado ao PSB, concorrerá a vice-governador, enquanto o vereador de Porto Alegre Airto Ferronato disputará o Senado.
O fato de o PSB estar isolado até o momento foi objeto de críticas de diversas lideranças partidárias. Nesta sexta-feira (22), véspera da convenção que homologou o nome de Beto, PSB e PDT deram por encerradas as negociações para tentar formar uma chapa de consenso. Antes disso, o partido havia tentado, sem sucesso, obter apoio da federação formada por PT/PCdoB/PV. O cenário atual, que tende a ser confirmado, é de que a esquerda e a centro-esquerda estarão divididas em quatro candidaturas ao Palácio Piratini: além de Beto, devem concorrer Edegar Pretto (PT), Vieira da Cunha (PDT) e Pedro Ruas (PSOL). Citando pesquisas, Beto avaliou que o seu nome é o mais viável deste campo político e, embora tenha lamentado a falta de unidade, manteve o discurso de mobilização na busca por alianças até o prazo do dia 5 de agosto.
— Percebo a absoluta falta de solidariedade entre os partidos políticos do nosso campo. Ora, tenho o dobro das intenções de voto do candidato do PT. Tenho três vezes mais intenção de voto do que as candidaturas do PDT e do PSOL. E não encontrei em nenhum deles a capacidade de discernir que o mais importante é a luta do povo gaúcho do que os interesses partidários — afirmou Beto.
Para a eleição proporcional, o PSB homologou os nomes de 24 candidatos a deputado federal e outros 47 a deputado estadual. Modificações ainda podem ser feitas pela direção executiva do partido até o limite do dia 5 de agosto. As manifestações dos candidatos aos parlamentos foram uníssonas em apoio à candidatura própria ao Piratini, liderada por Beto, mesmo sem alianças.
— É a terceira vez que concorro. Desta vez, não quero botar no material de campanha número de candidato a governador que não seja o 40 — afirmou o deputado estadual Elton Weber, em alusão ao dígito de urna do PSB.
O deputado federal Heitor Schuch destacou o cenário de “incerteza, fome e miséria” no Brasil e no mundo e também defendeu a candidatura própria no Rio Grande do Sul:
— Time que não entra em campo perde a torcida.
Na eleição presidencial, o PSB indicou Geraldo Alckmin como candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT). A maioria das manifestações esteve focada no plano regional, mas uma bandeira com o rosto de Lula estampado foi desfraldada sobre o palco do Teatro Dante Barone. As lideranças que abordaram a disputa manifestaram apoio à chapa Lula-Alckmin. Nas conversas com o PDT, Beto e o PSB admitiram ceder palanque ao presidenciável Ciro Gomes (PDT), hipótese que ficou pelo caminho com o insucesso da negociação.