O resultado das eleições municipais de 2020 constata um desejo dos brasileiros: retomar o um voto de confiança às siglas já conhecidas na política do país, mas tirar do tabuleiro o PT — pela primeira vez desde 1985, a agremiação de Luiz Inácio Lula da Silva não conquista nenhuma prefeitura. Neste ano, 11 siglas elegeram prefeitos nas sedes estaduais.
No segundo turno, o PT concorria em apenas duas capitais: Vitória, onde o petista João Coser foi derrotado pelo Delegado Pazolini (Republicanos), e Recife (PE), onde, em disputa familiar, a candidata petista Marília Arraes perdeu para o seu primo João Campos (PSB).
Eleição após eleição, o PT perde poder. Em 2016, a sigla de Lula vencera apenas em Rio Branco. Em 2012, a sigla conquistara três capitais e, em 2008, seis. Nas eleições de 2004, quando o ex-presidente estava no primeiro mandato da Presidência, o partido elegeu seu maior número de prefeitos em capitais: nove.
No pleito pandêmico, o MDB foi o mais vitorioso: arrematou cinco capitais, dentre elas Porto Alegre, com Sebastião Melo.
Em seguida, o DEM e o PSDB foram os maiores vencedores, com quatro capitais cada.
A vitória do DEM no Rio de Janeiro, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com a eleição de Eduardo Paes, também fortalece o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No Nordeste, a centro-esquerda predomina, com a vitória em Fortaleza, Aracaju, Recife e Maceió. Natal mudou de lado: a prefeitura passou do PDT para o PSDB. São Luís também, migrando do PDT para o Podemos.
Uma novidade é a primeira prefeitura conquistada pelo PSOL, em Belém. No pleito, Edmilson Rodrigues venceu Delegado Federal Eguchi (Patriota) — este, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Com a vitória em Belém e a ida de Guilherme Boulos ao segundo turno em São Paulo, o PSOL consolida sua posição como alternativa da esquerda para além do PT.
As eleições municipais, aliás, também marcaram a perda de influência de Bolsonaro, que viu a maioria de seus candidatos serem derrotados — incluindo Marcelo Crivella (Republicanos) no Rio de Janeiro e Celso Russomano (Republicanos) em São Paulo, que nem foi ao segundo turno.
Apenas um candidato em capital apoiado pelo presidente venceu: Tião Bocalom (PP), em Rio Branco
O pleito de 2020 foi marcado pela pandemia e consequente grande índice de abstenções. A nível nacional, 29,47% poderiam votar, mas deixaram de fazê-lo, percentual maior do que o do primeiro turno. Porto Alegre é a única capital onde houve um movimento inverso: mais pessoas foram às urnas no segundo turno do que no primeiro.