Após ter a candidatura do vice da sua chapa indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), José Fortunati (PTB) se viu em um labirinto de poucas alternativas. Não havia mais tempo legal para substituir o vice e, caso ele resolvesse manter a candidatura diante dos riscos jurídicos, era grande a hipótese de os seus votos serem todos anulados. Fortunati renunciou à disputa pela prefeitura de Porto Alegre na manhã desta quarta-feira (11) e, poucas horas depois, o PTB lotou um comitê para receber Sebastião Melo (MDB), novo candidato da sigla.
Nesta entrevista, o presidente do PTB de Porto Alegre, Everton Braz, comenta a decisão do partido e avalia que Fortunati irá seguir, “no tempo certo”, a decisão de apoiar Melo. Ele negou que haja qualquer mágoa com o MDB, já que a ação judicial que derrubou a chapa petebista partiu de um candidato a vereador do PRTB, legenda aliada de Melo.
A decisão pela renúncia foi tomada nesta quarta ou já vinha consolidada desde segunda?
A gente aguardou a publicação do acórdão (do TRE), isso era decisivo para que soubéssemos os prazos. Diante da publicação hoje (quarta) pela manhã, o prefeito (Fortunati, ex-prefeito), reunido com a coordenação de campanha e com a assessoria jurídica, viu que os prazos não permitiriam que colocássemos em risco os votos de quem poderia votar no Fortunati. A decisão dele, junto à coordenação e à direção do partido, foi de interromper a campanha para não colocar em risco a confiança das pessoas. Para ele, isso seria inadmissível.
A decisão foi por consenso ou houve votação?
A coordenação da campanha decidiu isso junto com o candidato a prefeito. Foi consenso, não houve votação. O que houve foi, posteriormente, uma reunião da executiva municipal para decidir o que o partido faria a partir desse momento. E teria de ser muito rápido, em função da proximidade com a eleição.
Tinha outro caminho para o PTB ou apoiar o Sebastião Melo era o único possível?
Sempre há caminhos que podemos discutir. Entendemos que pela afinidade de projeto, afinidade do próprio Melo com o Fortunati ao longo das suas histórias, o fato de o Melo ter sido vice do Fortunati, e o respeito com que sempre a coligação do Melo tratou conosco, era o caminho que se apontava. E ideologicamente também está mais alinhado com o que estamos trabalhando.
Muito tem se comentado, e a Regina Becker, que é petebista e esposa do Fortunati, fez desabafos porque quem moveu a ação que barrou a chapa do PTB foi um candidato a vereador da coligação do Melo. Aventa-se que teria sido uma estratégia da campanha do Melo para tirar Fortunati do páreo com a impugnação. Isso permite que vocês trabalhem com 100% de dedicação na campanha?
Não há nenhuma mágoa com relação a isso. Primeiro porque não acreditamos nisso. O Melo é uma pessoa leal, homem sério, e todos nós conhecemos há muitos anos. Acredito que, se o Melo tivesse tomado a decisão de fazer isso, ele faria e comunicaria ao Fortunati. Foi um ato isolado de um candidato a vereador, de um partido muito pequeno, dentro de uma grande coligação. Nós temos partidos aqui na nossa coligação que os candidatos tomam algumas atitudes sem consultar a coordenação central de campanha. Foi uma atitude isolada, temos convicção disso. Acredito que a posição da Regina, inicialmente, foi em cima do estresse da notícia. A Regina é uma pessoa de bem, tem muita responsabilidade sobre isso. Neste momento, esse tipo de intriga, de boato ou até de afirmação, serve apenas a quem deseja nos derrotar na eleição, aos nossos adversários. Sabemos da lealdade e hombridade do Melo.
Fortunati não esteve presente no ato de apoio ao Melo e há avaliações de que ele pode se retirar da disputa totalmente, sem manifestar apoio a ninguém. O PTB pedirá que ele esteja com Melo?
Eu não tenho dúvida de que o Fortunati, acima de tudo, é um homem partidário. Ele sempre respeitou isso. Aqui era um momento do partido. O Fortunati tem responsabilidade, sabe o quanto ele é importante nessa decisão. Eu tenho certeza de que no momento certo, passada essa dor, ele vai se posicionar. Ele vai, sem dúvida, acompanhar o partido nas suas posições.
