Sebastião Melo (MDB) estava gravando programas de TV para a sua campanha à prefeitura de Porto Alegre quando recebeu a notícia de que o concorrente José Fortunati (PTB) havia anunciado formalmente à renúncia à eleição.
Em uma delicada operação política, Melo é o destino mais provável do apoio do PTB como partido, o que daria impulso ao seu nome, sobretudo nas periferias, na reta final da campanha, marcada por uma acirrada disputa por vaga no segundo turno. Consumada a desistência de Fortunati, Melo irá tomar a dianteira em busca de consolidar a aliança de última hora.
— Primeiro, lamento o acontecido. Segundo, espero que os eleitores do Fortunati tomem a melhor decisão. E vou procurar o Fortunati e vou procurar o PTB imediatamente. Agora. Só estou terminando uma gravação aqui — assegurou Melo.
A renúncia de Fortunati passou a ser cogitada desde segunda-feira (9), quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) impugnou a candidatura do vice da sua chapa, André Cecchini (Patriota), por inscrição partidária fora do prazo regulamentar. Como não havia mais tempo legal para substituir Cechinni, a chapa inteira de Fortunati ficou sob risco de ter os votos anulados.
Isso foi decisivo para a desistência e o encaminhamento do apoio do PTB — sigla que já apoiou o atual prefeito Nelson Marchezan (PSDB) na campanha passada e no início da atual gestão municipal — à candidatura do MDB.
A dificuldade para Melo será obter o apoio pessoal de Fortunati, de quem foi vice-prefeito entre 2013 e 2016. A ação judicial que barrou o vice de Fortunati foi de autoria de um candidato a vereador do PRTB, partido da coligação de Melo. A esposa de Fortunati, Regina Becker, em entrevista à GZH, revelou “tristeza” com o episódio e atribuiu responsabilidade à candidatura de Melo. São detalhes da política que dificultam o empenho pessoal de Fortunati em apoio a Melo nesta reta final.
Questionado sobre contar com manifestações do ex-prefeito em seu favor, mesmo em meio a ressentimentos, Melo foi econômico nas palavras:
— Vamos por partes. O senhor (repórter) tem o dever de antecipar notícia. Eu, não. Vou conversar com o Fortunati e com o PTB. Ponto.