À frente nas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de Porto Alegre, a candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) iniciou a última semana antes da votação do primeiro turno, no próximo domingo (15), apostando no que chama de “olho no olho”. Munida de álcool-gel, com o rosto protegido por uma máscara e evitando contatos físicos em razão da pandemia, Manuela distribuiu panfletos e recebeu manifestações de apoio na sinaleira de uma das vias mais movimentadas da Capital, na tarde desta segunda-feira (9).
— Não é corpo a corpo. Agora é mais olho no olho mesmo, uma forma de fazer nossas propostas chegarem às pessoas sem colocar ninguém em risco. Essa é uma grande preocupação — explicou a postulante, sorridente por trás da máscara e cheirando a álcool-gel.
Disposta a reduzir os riscos de disseminação do coronavírus, a ex-deputada permaneceu por apenas meia hora na esquina da Rua Silva Só com a Avenida Ipiranga, no bairro Santa Cecília — o restante da agenda do dia seria virtual, incluindo uma plenária de mobilização pela internet, no fim da tarde.
Nos 30 minutos em que esteve na rua, ela aproveitou cada segundo de sinal fechado para circular entre os veículos e oferecer os folhetos da candidatura. Raros foram os motoristas que se negaram a abrir os vidros para ela — quando isso ocorreu, Manuela limitou-se a agradecer e a seguir em frente, sem abalo. Não houve sinais de agressividade. A maioria recebeu a candidata com um misto de surpresa e curiosidade. As mais receptivas foram as mulheres.
— Maravilhosa! — gritou uma motorista, que mal teve tempo de declarar sua admiração por causa do trânsito.
Dos ônibus, alguns passageiros abanaram. Outros somente observaram, sem esboçar reação. Nas calçadas, admiradores pediram fotos. Durante toda a atividade, Manuela foi acompanhada pelo vice, o ex-ministro Miguel Rossetto (PT), que não pareceu incomodado com o papel de coadjuvante, algo novo para o Partido dos Trabalhadores, que sempre teve candidato próprio na Capital.
— Cuidado com os morangos, Miguel! — brincou Manuela, dirigindo-se ao companheiro de chapa, que, olhando para os carros, por pouco não pisou em uma caixa de frutas à venda na calçada.
— A Manu é ótima. Estou muito feliz de poder estar ao lado dela — garantiu Rossetto, depois de desviar dos moranguinhos.
Sobre o favoritismo nas enquetes, Manuela foi cautelosa. Disputou a prefeitura em 2008 e 2012 e, nas duas ocasiões, ainda que em contextos distintos, começou bem nas inquirições e acabou perdendo.
— Pesquisa não ganha eleição. Nosso maior desafio, agora, é fazer com que as intenções de voto se materializem nas urnas — destacou a candidata, confiante no desfecho.