O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para fazer o que chamou de “horário eleitoral gratuito” próprio. Mas o resultado das urnas não foi o esperado: dos 59 candidatos que ganharam espaço nas transmissões ao vivo do presidente, 45 acabaram sendo derrotados, 12 foram eleitos e dois vão disputar o segundo turno (veja abaixo).
No domingo (15), após a divulgação dos números, Bolsonaro alfinetou adversários e deu a entender que o tempo foi curto para ajudar os candidatos. Segundo ele, a ajuda se resumiu a “quatro lives, num total de três horas”.
Na disputa por prefeituras, entre os apoiados pelo presidente, foram eleitos Mão Santa (DEM), na cidade de Parnaíba (PI), e Gustavo Nunes (PSL), em Ipatinga (MG). Já Marcelo Crivella (Republicanos), do Rio de Janeiro, e Capitão Wagner (PROS), de Fortaleza, disputam o segundo turno.
Outros nove candidatos a prefeito que tiveram apoio de Bolsonaro foram derrotados nas urnas. Em São Paulo, Celso Russomano (Republicanos) ficou em quarto lugar, atrás de Márcio França (PSB), Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB) — os dois últimos se enfrentam no segundo turno.
Dos 45 candidatos a vereadores, apenas 10 foram eleitos, entre eles Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, que foi o segundo mais votado para a Câmara do Rio de Janeiro com 71 mil votos — número inferior aos 106.567 conquistados em 2016.
Outra candidata que ganhou destaque nas lives presidenciais, sendo citada em cinco transmissões ao vivo, foi Wal Bolsonaro (Republicanos), também conhecida como Wal do Açaí. Ex-funcionária do gabinete do então deputado Jair Bolsonaro, ela foi flagrada pelo jornal Folha de S.Paulo trabalhando na banca de açaí que leva seu nome nos horários em que deveria estar cumprindo expediente.
Bolsonaro afirmou, inclusive nas lives, que Wal estava em férias à época. A candidata não foi eleita e conseguiu apenas 266 votos na disputa pela Câmara de Angra dos Reis (RJ).
Durante as lives, Bolsonaro apresentava os santinhos e chegou a justificar a diversidade de partidos dos candidatos, dizendo que ele não tinha filiação partidária:
— Pode ver que são partidos diferentes, é que eu não tenho partido. As pessoas que me apoiaram no passado tiveram que escolher um partido. Nós, obviamente, não escolhemos partidos de esquerda, são partidos de centro, centro-direita e para direita. E são as pessoas que valem, mais importantes que os partidos.
O presidente se envolveu também na eleição suplementar ao Senado em Mato Grosso, com a vaga aberto com a cassação de Selma Arruada. Bolsonaro apoiou a candidata Coronel Fernanda (Patriota), que ficou em segundo lugar.
Nas transmissões, Bolsonaro demonstrava que não conhecia todos os candidatos, com frases como “É peixe de quem?”, “Quem trouxe?” e “É indicação de quem?”.
O presidente fez quatro transmissões ao vivo no Facebook exclusivas sobre os candidatos, de 9 a 12 de novembro, e nas tradicionais lives das quintas-feiras usou parte do espaço para pedir votos nos dias 29 de outubro e 5 de novembro.
Na última sexta (13), escreveu em uma rede social que não teria transmissão no dia: "Hoje não haverá live 'eleitoral'. A legislação não é clara sobre sua realização a partir dessa data. Boa noite a todos". A legalidade das transmissões está sendo questionada na Justiça.
Veja os candidatos citados por Bolsonaro e o desempenho na eleição: