Mais uma temporada de propaganda eleitoral na televisão e no rádio começa nesta sexta-feira (9), com exibições de programas e inserções desde a manhã até à noite. A promessa das equipes de marketing e comunicação dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre é de discurso autêntico, sem abusos estéticos, e com apresentação de propostas realistas.
A eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018, com escasso tempo de propaganda nos veículos tradicionais, mas com ampla mobilização em redes sociais, trouxe a ideia de que a TV e o rádio perderam relevância no pleito. Neste ano, porém, a pandemia de coronavírus e as restrições para fazer campanha na rua recolocam os programas da propaganda eleitoral em patamar decisivo, avaliam especialistas.
— O tempo de TV continua sendo importante nesse cenário de limitações. Tem uma parcela do eleitorado, de menor renda e escolaridade, que ainda tem dificuldade em conseguir acesso às redes sociais, principalmente para as pessoas que residem em áreas em que a cobertura de internet não é boa. Junto a esse público, a TV é importante. Friso as inserções no meio da programação, que pegam as pessoas com o efeito surpresa — avalia o cientista político Carlos Borenstein.
Os filmetes de 30 segundos a que os candidatos têm direito são de grande potencial para Tânia Moreira, coordenadora da equipe de rádio e TV do prefeito Nelson Marchezan (PSDB), que busca a reeleição.
— Com o comercial (inserções), você entra para dentro das casas de milhares de pessoas em diferentes momentos, na hora do jornal ou da novela — destaca Tânia.
Há consenso sobre a relevância das redes sociais no processo eleitoral, em um trabalho de convergência entre as mídias tradicionais e as novas, mas surgem apontamentos de que fenômenos de internet como Donald Trump e Bolsonaro não serão repetidos a cada pleito. Eles dependem de conjunturas políticas e de atuação longa e orgânica no mundo virtual, algo que não é construído às vésperas da eleição.
— As pessoas tomaram o modelo Bolsonaro como absoluto, mas foi algo que funcionou para ele em 2018. Havia uma conjuntura especial, disruptiva, e ele construiu a vitória ao longo de quatro anos. Ele é um ponto fora da curva, não é o normal das campanhas. Acredito que a TV nunca perdeu importância. O fundamental é agregar as plataformas de comunicação — analisa Juliano Corbellini, experiente no ramo e, mais uma vez, escalado para a equipe de marketing da candidata Manuela D’Ávila (PCdoB).
Para Marcos Martinelli, coordenador de marketing da campanha do ex-prefeito José Fortunati (PTB), a retomada da propaganda sobretudo na TV também é fruto do "uso indevido das redes sociais".
— As fake news reduziram o entendimento de que as redes trazem informação de qualidade — opina Martinelli.
O cientista político Borenstein é mais cético quanto à hipótese de queda das novas mídias:
— Tenho dúvidas em relação a isso porque pesquisas mostram que parcelas consideráveis de eleitores confiam nessas mensagens compartilhadas. Mas, se compararmos com 2018, a desconfiança hoje realmente é maior.
*A ordem das fotos da galeria segue o resultado da pesquisa Ibope, divulgada na segunda-feira (5).
Confira a ordem de veiculação dos programas de rádio e TV nesta sexta-feira
- João Derly (Republicanos)
- Manuela D’Ávila (PCdoB)
- Montserrat Martins (PV)
- Sebastião Melo (MDB)
- Nelson Marchezan (PSDB)
- Juliana Brizola (PDT)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Rodrigo Maroni (PROS)
- José Fortunati (PTB)
- Valter Nagelstein (PSD)
- Gustavo Paim (PP)
Os programas
Os programas no rádio serão veiculados de segunda a sábado, das 7h às 7h10min, e das 12h às 12h10min. Já na televisão, nos mesmos dias, das 13h às 13h10min, e das 20h30min às 20h40min.
No total, conforme comunicado da Justiça Eleitoral enviado aos partidos, os blocos de propaganda terão nove minutos e 55 segundos. Os cinco segundos restantes são considerados "sobras".
Além dos programas, os candidatos têm direito a inserções de 30 segundos ou 60 segundos durante a programação das redes de comunicação, de segunda a domingo. Todas as inserções somam 70 minutos diários e a distribuição é feita conforme os critérios de proporcionalidade.
* Devido à tabela de representatividade dos partidos políticos na Câmara dos Deputados, os candidatos Julio Flores (PSTU) e Luiz Delvair (PCO) não tiveram acesso ao horário eleitoral.