Mais uma temporada de propaganda eleitoral na televisão e no rádio começa nesta sexta-feira (9), com exibições de programas e inserções desde a manhã até à noite. A promessa das equipes de marketing e comunicação dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre é de discurso autêntico, sem abusos estéticos, e com apresentação de propostas realistas.
Confira as estratégias dos candidatos:
Manuela D’Ávila (PCdoB)
Tempo: 1 minuto e 14 segundos. 366 inserções no primeiro turno
Coordenador de marketing da campanha de Manuela D’Ávila (PCdoB), Juliano Corbellini avalia como decisivo evitar excessos nas propagandas eleitorais, sejam eles estéticos, de linguagem ou de promessas que dificilmente poderão ser executadas. Por isso, a tendência é de a candidata buscar sempre a maior aproximação com a realidade cotidiana.
— O eleitor quer verdade e vamos fazer uma campanha verdadeira. Não tem mais espaço para espuma publicitária. Precisa ser realista em termos de proposta e de estética — avalia Corbellini.
Outra medida será demarcar Manuela como a genuína candidatura de oposição ao prefeito Nelson Marchezan (PSDB), mas sem aderir a tons agressivos.
— Os partidos dos três candidatos atrás da Manuela, o MDB, o PTB e o PSDB, estiveram no governo Marchezan. A Manuela é a candidatura autenticamente de oposição. Vamos apontar alternativa de mudança, mas nossos adversários são os problemas da cidade — destaca Corbellini.
José Fortunati (PTB)
Tempo: 53 segundos. 260 inserções no primeiro turno
A linguagem dos programas de TV e rádio do ex-prefeito José Fortunati (PTB) será jornalística, e não publicitária, assegura Marcos Martinelli, coordenador de marketing da campanha. Ele considera fundamental “falar a verdade”, “não tergiversar” e “tratar da vida das pessoas”, o que será enfatizado na defesa que Fortunati tem feito da organização de um programa de vacinação em Porto Alegre contra o coronavírus, quando o antídoto existir.
Para além disso, o foco será defender a gestão de Fortunati na prefeitura e rebater críticas sobre as obras da Copa, devido à demora para a entrega de algumas delas.
— Vamos mostrar que a maior parte foi concluída e outra parte ficou com 90% ou 70% de conclusão. Vamos fazer o passo a passo e repor a verdade. Os investimentos da Copa representam o maior volume de obras da história de Porto Alegre. O enfrentamento com jornalismo verdade — diz Martinelli.
Sebastião Melo (MDB)
Tempo: 1 minutos e 36 segundos. 474 inserções no primeiro turno
Com o apoio de parlamentares bolsonaristas, a campanha de Sebastião Melo (MDB), centrista ao longo da vida política, buscará conquistar o eleitorado do presidente da República. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, já gravou vídeo de apoio que será apresentado na propaganda eleitoral. A expectativa é de que o vice-presidente Hamilton Mourão também registre apoio em material a ser reproduzido.
— A nossa campanha dialoga com muitas das pautas do governo Bolsonaro, como o combate à corrupção, privatizações, medidas adotadas na pandemia e consideradas corretas por Melo do ponto de vista econômico — diz Isara Marques, coordenadora de comunicação da campanha de Melo.
Ela avalia que, com as pessoas passando mais tempo em casa, a TV será fundamental.
— Vamos apresentar problemas e propor soluções eficientes, indicando como será executado na prática. Os eleitores estão cansados de propostas vazias — afirma Isara.
Nelson Marchezan (PSDB)
Tempo: 2 minutos e 9 segundos.633 inserções no primeiro turno
O lema da campanha do prefeito Nelson Marchezan (PSDB) é apresentá-lo como um gestor que faz a máquina pública andar.
— O foco é mostrar as realizações. Ele fez tudo aquilo que prometeu, e isso precisa ser mostrado, como o funcionamento dos postos de saúde até as 22h, a PPP da iluminação pública e a gestão na pandemia de coronavírus — destaca Tânia Moreira, coordenadora da equipe de rádio e TV da campanha.
Ela diz que gostaria de repetir o modelo de gravações que fez sucesso em 2016, quando Marchezan filmava caminhando por diversos pontos da cidade, mas acredita que os compromissos na prefeitura irão impossibilitar. Tânia diz que ainda não foi discutido se o prefeito poderá aproveitar a propaganda eleitoral para se defender do impeachment que corre na Câmara de Vereadores.
— O Marchezan é o Marchezan e não queremos fazer outra pessoa. Ele acredita em seus valores. O que temos de mostrar para as pessoas é o motivo de ele estar apanhando. Por que estão batendo? Mostrar o que ele fez e como fez — diz Tânia.
Juliana Brizola (PDT)
Tempo: 1 minuto e 10 segundos. 346 inserções no primeiro turno
Os eixos dos programas de Juliana Brizola (PDT) serão educação, saúde, economia e segurança pública. A intenção é apresentá-la como mulher preparada a assumir o desafio da prefeitura, tendo formação em Direito, mestrado em ciências criminais e três mandatos de deputada estadual. Outra prioridade será buscar a conexão com as mães trabalhadoras, para as quais a candidata tem apresentado a proposta de creches noturnas.
— Trabalhamos com vários eixos e a mulher tem uma grande valorização. As pessoas querem saber o que os candidatos podem fazer pela sua cidade. O nosso caminho será esse, e não polarizar ou polemizar — afirma Fernando Vanelli, coordenador de comunicação e marketing da campanha.
O legado de Leonel Brizola, avô de Juliana, poderá ser retratado, mas sem preponderância.
— A Juliana tem a sua identidade, tem o seu trabalho reconhecido. Estamos falando da gestora que está montando um grande time para governar — diz Vanelli.
João Derly (Republicanos)
Tempo: 37 segundos. 187 inserções
A campanha de João Derly (Republicanos) foi a única a afirmar que, durante a eleição, dará algum grau de prioridade à produção de conteúdo para as redes sociais. Com 37 segundos de tempo de propaganda, a avaliação é de que a TV e o rádio serão importantes para chamar o eleitor a acompanhar os perfis virtuais do candidato, promovendo a integração das mídias.
— Queremos instigar o eleitor na TV e no rádio. Não vai ser algo muito tradicional. Será menos promessa que não pode ser cumprida, menos propaganda do candidato e mais reflexão sobre a cidade que o eleitor quer, tentando levar ele para as redes sociais — diz Flávia Lima Moreira, coordenadora de campanha de Derly.
Uma das propostas a serem reforçadas é a do contraturno escolar, modelo que o candidato teve oportunidade de cursar quando jovem, articulando a educação com o esporte, a saúde e o lazer.
Fernanda Melchionna (PSOL)
Tempo: 16 segundos. 80 inserções no primeiro turno
O desafio lançado pela coordenação de campanha de Fernanda Melchionna (PSOL) é usar o enxuto tempo disponível no rádio e na TV para apresentar propostas sem deixar de demarcar forte oposição a Jair Bolsonaro.
— A questão nacional atravessa a municipal. Defendemos que Porto Alegre deve ser uma trincheira de luta contra o governo Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, vamos trazer propostas concretas para os problemas da cidade, mostrando de onde vamos tirar o recursos — diz Camila Goulart, coordenadora política da campanha.
Fernanda cresceu politicamente e galgou boas votações sobretudo como representante de jovens, universitários e círculos culturais, mas uma das prioridades na caminhada será dar atenção às regiões humildes.
— Temos o programa "Periferia é o centro", no sentido de que as pessoas que estão nesses bairros são as que trabalham e utilizam os serviços públicos, motivo pelo qual merecem mais atenção da prefeitura — explica Camila.
Valter Nagelstein (PSD)
Tempo: 43 segundos. 212 inserções no primeiro turno
Apesar dos três mandatos como vereador, além de ter sido secretário municipal de Indústria e Comércio e de Urbanismo, a avaliação da equipe de campanha é de que Valter Nagelstein (PSD) precisa ser apresentado na propaganda eleitoral para parte do eleitorado.
— Vamos mostrar as virtudes dele, uma pessoa preparada e de posições fortes. Não pretendemos mudar isso — diz Tiago Brum, coordenador de marketing da campanha.
A segurança pública será a grande bandeira, o que abrirá espaço para participações do candidato a vice-prefeito, Delegado Diogo.
Embora seja o candidato mais à direita dentre os candidatos à prefeitura da Capital, Valter não deverá fazer da propaganda eleitoral um espaço de busca por aproximação com Bolsonaro.
— O Valter é apoiador do Bolsonaro, do governo dele, é de direita, mas a campanha não vai se basear nisso. Porto Alegre precisa de um prefeito ativo, capaz, com experiência administrativa e que não governou até agora — avalia Brum.
Gustavo Paim (PP)
Tempo: 54 segundos. 265 inserções no primeiro turno
Deverão partir do atual vice-prefeito Gustavo Paim (PP), político identificado com a direita liberal, algumas das críticas contundentes ao prefeito Nelson Marchezan (PSDB). A mensagem do candidato, adianta a coordenação de campanha, é colocar um ponto final nos desarranjos políticos que enredaram a Capital nos últimos anos.
— Porto Alegre vive uma das maiores crises da sua história. O Paim vai mostrar medidas concretas para recuperar a cidade. Será um projeto realista e posicionado, de centro-direita. E vai ser do jeito dele, que é um cara do diálogo. Por isso, o nosso chamado é "deu de crise" — comenta Cleber Benvegnú, coordenador de comunicação da campanha.
A linguagem será no estilo "papo reto", diz Benvegnú, sem apelo a superproduções de marketing. O material veiculado na propaganda eleitoral na TV será aproveitado nas redes sociais, mas haverá a produção de peças exclusivas para os meios digitais.
Montserrat Martins (PV)
Tempo: 9 segundos. 47 inserções no primeiro turno
O desafio do candidato Montserrat Martins (PV) será apresentar sua extensa pauta ambiental e tecnológica, aliada ao conceito das cidades inteligentes e redutoras de poluição, nos exíguos nove segundos que dispõe na propaganda de TV e rádio.
— Vamos falar da importância do ambiente para a saúde, da necessidade de despoluir o Guaíba e evitar a sua contaminação com o carvão da Mina Guaíba (empreendimento ainda em tramitação) — diz Montserrat.
Apesar de ter pauta preponderantemente propositiva, incluindo incentivos à construção do aeromóvel e à energia solar, Martins diz que poderá apresentar críticas pontuais ao governo de Nelson Marchezan. Uma delas é pelo fato de o "Hospital Parque Belém não ter sido aproveitado no enfrentamento à pandemia de coronavírus pela prefeitura".
— O hospital está desativado, mas sua estrutura está intacta. Foi oferecido para a prefeitura usar, mas não quiseram. Foi um desperdício — avalia Montserrat.
Rodrigo Maroni (PROS)
Tempo: 14 segundos. 70 inserções no primeiro turno
O próprio candidato Rodrigo Maroni (PROS) avalia que o tempo disponível é curto demais para fazer qualquer debate de propostas mais aprofundadas para a cidade. Por isso, os 14 segundos diários disponíveis serão usados exclusivamente para a defesa da causa animal, principal bandeira do político, que foi vereador e, atualmente, é deputado estadual.
— Não só na minha campanha, mas também na dos nossos candidatos a vereador, vamos apresentar a causa dos animais — explica Maroni.
Ele assegura que usará linguagem "simples" e "humana".
— Termos técnicos servem para uma política invalidante da população. É uma forma de mostrar superioridade, acaba sendo excludente — diz o candidato.
Ele se define ainda como "inimigo" dos candidatos Manuela, Fortunati, Melo e Marchezan.
— Eles são da política tradicional, as campanhas deles são muito parecidas e iludem a população — critica.
* Devido à tabela de representatividade dos partidos políticos na Câmara dos Deputados, os candidatos Julio Flores (PSTU) e Luiz Delvair (PCO) não tiveram acesso ao horário eleitoral.
**A ordem de exposição dos candidatos nesta matéria segue o resultado da pesquisa Ibope, divulgada na segunda-feira (5).
Os programas
Os programas no rádio serão veiculados de segunda a sábado, das 7h às 7h10min, e das 12h às 12h10min. Já na televisão, nos mesmos dias, das 13h às 13h10min, e das 20h30min às 20h40min.
No total, conforme comunicado da Justiça Eleitoral enviado aos partidos, os blocos de propaganda terão nove minutos e 55 segundos. Os cinco segundos restantes são considerados "sobras".
Além dos programas, os candidatos têm direito a inserções de 30 segundos ou 60 segundos durante a programação das redes de comunicação, de segunda a domingo. Todas as inserções somam 70 minutos diários e a distribuição é feita conforme os critérios de proporcionalidade.