Sete ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil se pronunciaram sobre a importância de um ministério independente para a área, além da manutenção do país dentro das exigências do Acordo de Paris. Os dois temas vieram à tona após declarações do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, que fundiria os ministérios do Meio Ambiente e Agricultura e retiraria o Brasil do Acordo de Paris. O artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo foi assinado por Carlos Minc, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Carlos Carvalho, José Goldemberg, José Sarney Filho, Marina Silva e Rubens Ricupero.
O texto fala sobre os esforços realizados pelo país na busca de um desenvolvimento sustentável desde a década de 70. São citados a criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), em 1973, e a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981. Outro ponto destacado é o papel desempenhado pelo país ao longo da história.
"Um dos grandes desafios do século 21 está na implementação do desenvolvimento sustentável, conforme decidido, em 2015, com a aprovação da Agenda 2030, na Assembleia-Geral da ONU, com o apoio de 195 países. Esta decisão é resultado de um longo processo que se iniciou em Estocolmo, em 1972, e que, de lá para cá, teve o Brasil como um dos protagonistas, tornando-nos, reconhecidamente, um dos grandes atores dessa matéria na agenda internacional."
"Nós, que participamos ativamente da construção das instituições ambientais do Brasil nos últimos 30 anos, entendemos que o próximo presidente da República terá a oportunidade de compreender a importância da manutenção do Ministério do Meio Ambiente e da permanência do Brasil no Acordo de Paris para a liderança brasileira na agenda nacional e global do desenvolvimento sustentável. Não podemos correr o risco de isolamento político internacional ou do fechamento de mercados consumidores para as nossas exportações. Não podemos desembarcar do mundo em pleno século 21. "
O documento aborda a importância de garantir os direitos dos povos indígenas e diz esperar que o próximo presidente garanta a manutenção das políticas voltadas ao meio ambiente.
"Expurgando-se o calor inerente às campanhas eleitorais, espera-se que o futuro presidente compreenda a importância estratégica para o país da manutenção e valorização das instituições públicas de meio ambiente essenciais ao cumprimento da Constituição de 1988, em especial o Ibama e o ICMBio. Com isso, continuaremos a garantir um caminho claro na direção do desenvolvimento sustentável que, inexoravelmente, atende às aspirações da sociedade, independentemente das escolhas do eleitorado no próximo dia 28."
Por fim, os ex-ministros ressaltam a importância de se pensar o desenvolvimento econômico sem deixar de lado as questões ambientais. O aquecimento global e suas consequências são evidenciados.
"Já estamos sofrendo os impactos negativos do aquecimento global com o aumento de desastres naturais, seca prolongada no semiárido e alteração dramática do nosso regime hidrológico, com riscos evidentes nas atividades das hidrelétricas e vulnerabilidades na produção agrícola e no abastecimento de água nos centros urbanos."
"A megabiodiversidade brasileira representa enorme potencial para o desenvolvimento de novas economias nos campos farmacêutico, químico, cosmético e de alimentos. As Unidades de Conservação, por sua vez, são ativos importantes de desenvolvimento regional, podendo gerar ganhos sociais e econômicos, além de importante instrumento de defesa do território nacional."