Ao contrário do que afirma uma corrente que viralizou no WhatsApp, os 7,2 milhões de votos nulos contabilizados no primeiro turno das eleições não são resultado de mau funcionamento ou fraude nas urnas eletrônicas. No primeiro turno, os votos nulos representaram 6,2% do total.
Esses votos foram anulados pelos próprios eleitores, que digitaram um número inexistente para o cargo (se o cidadão colocar o número "99" ou "00" no momento de votar para presidente, por exemplo). O voto também pode ser anulado se o eleitor digitar um número errado na urna (de um partido que não está disputando determinado cargo em um Estado).
Como mostrou outra verificação do Comprova, alguns eleitores se confundiram ao votar em Jair Bolsonaro (PSL) no Rio de Janeiro – digitaram 17 ao votar para governador, mas o partido não disputou o cargo naquele Estado. Se essas pessoas tivessem apertado o "confirma", teriam anulado o seu voto. O texto enganoso também afirma que a anulação só é possível em votos em papel, o que também não é verdade.
Outra informação errada no texto diz Bolsonaro poderia ter sido eleito no primeiro turno se tivesse recebido 2 milhões de votos a mais. Para que isso ocorresse, deveria ter conquistado 50% dos votos válidos mais um voto. Como foram contabilizados 107 milhões de votos válidos, uma vitória no primeiro turno seria atingida com 53,5 milhões de votos — o capitão teve 49,2 (pouco mais de 4 milhões a menos do que o necessário).
O conteúdo enganoso circulou pelo Facebook, em páginas como "Revista FisioBrasil", e foi enviado para o WhatsApp do Comprova. O Boatos.org também publicou uma checagem sobre o assunto.
Falso
Os votos foram anulados por ações dos próprios eleitores, que não queriam votar em ninguém ou erraram ao usar a urna eletrônica.
Projeto Comprova
Este texto foi originalmente publicado no site do Projeto Comprova. A evidência foi checada pelo veículo parceiro Estado de S. Paulo.
O Comprova é um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros, incluindo GaúchaZH, para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas durante a campanha presidencial de 2018.