Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito com 57,7 milhões de votos no domingo (28), contou com uma série de fatores que contribuíram para a confirmação de sua vitória no segundo turno das eleições. Entre os principais trunfos do capitão da reserva estão o discurso mais moderado, a falta de apoios ao PT e o uso do discurso anti-PT.
Fuga de debates
Apesar de estar liberado pelos médicos, Bolsonaro adotou a estratégia de não correr riscos ao ser confrontado e cancelou a participação em debates com Fernando Haddad. No segundo turno, falou apenas em entrevistas e, principalmente, pelas redes sociais.
Apoios críticos ao PT
A frente de esquerda sonhada por Fernando Haddad não prosperou. Terceiro colocado no primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) não participou da campanha. Críticas de aliados ao partido também desgastaram o candidato.
Fora de conchavos
Bolsonaro criticou duramente os conchavos e o "toma lá, dá cá" da política. No segundo turno, não apoiou nenhum candidato de fora de seu partido nas disputas estaduais e desautorizou aliados que divulgaram possível participação em seu governo.
Moderação do discurso
Os arroubos que levaram a oposição a colar em Bolsonaro a pecha de intolerante ficaram menos frequentes. Acenos ao eleitorado do Nordeste e a mulheres, gays e negros se tornaram usuais. Até mesmo falas mais fortes, como a defesa de "varrer os vermelhos do país", não foram suficientes para abalar sua eleição.
Antipetismo
O discurso que ligava unicamente o PT a casos de corrupção no país obteve sucesso entre seu eleitorado. Artistas que abriram voto para Haddad foram apontados como "beneficiários da Lei Rouanet", criticada por Bolsonaro.
"Kit gay"
Um livro sobre orientação sexual cotado para ser utilizado em escolas, mas que nunca chegou aos estudantes, foi o estopim para ligar Haddad, então ministro da Educação, ao chamado "kit gay". Não raro, eleitores do capitão da reserva repetiam que ele acabaria com a “erotização de crianças”.