Além de saudar a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial do Brasil, o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, afirmou que aguarda a extradição do ex-militante de esquerda italiano Cesare Battisti, condenado por assassinato na Itália. Durante a campanha à Presidência, Bolsonaro se comprometeu a extraditar Battisti.
"No Brasil, os cidadãos expulsaram a esquerda! Bom trabalho para o presidente Bolsonaro. A amizade entre nossos povos e governo será ainda mais forte", escreveu o líder populista de direita no Twitter. "E depois de anos de discursos vãos, pediria que reenvie para Itália o terrorista vermelho Battisti", completou.
Em sua conta do Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, agradeceu ao ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, pela manifestação de apoio à vitória e afirmou que "o presente está chegando" - uma referência à promessa de extradição. "O presente está chegando! Obrigado pelo apoio, a direita fica mais forte", escreveu Eduardo.
Cesare Battisti, 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por participação em quatro homicídios na década de 1970, dos quais se declara inocente. Passou quase 30 anos como fugitivo entre México e França, onde desenvolveu uma carreira de sucesso como escritor de livros policiais, antes de fugir para o Brasil em 2004.
Em 2010, a Justiça autorizou a extradição para a Itália, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, no último dia de seu governo, o status de refugiado político ao italiano.
"Sereno"
Na segunda-feira (29), um dia depois da eleição de Bolsonaro, Battisti foi a São Paulo para consultar seu advogado, Igor Tamasauskas.
— É lógico que ninguém fica tranquilo numa situação dessas. Mas ele está sereno — disse o advogado. Segundo Tamasauskas, um habeas corpus do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), transformada em reclamação em outubro do ano passado, impede a deportação do italiano.
O Supremo ainda não julgou o mérito do caso. O advogado argumenta que Battisti está amparado pela Constituição, que fixa prazo (já esgotado) de cinco anos para a revogação de um decreto presidencial e também pelo novo Estatuto do Estrangeiro, que proíbe a deportação de estrangeiros que tenham filhos brasileiros, como é o caso de Battisti.
Segundo pessoas próximas de Battisti, ele tem levado a vida normalmente em Cananeia, cidade no litoral sul de São Paulo. Recentemente, ele se mudou para a casa que começou a construir no ano passado e, na semana passada, recebeu uma das filhas e o neto, que vivem na França. Dentro de um mês, o italiano vai lançar o novo livro Marco Zero, que mistura ficção e história, ambientado em Cananeia. Cesare Battisti pretende viajar pelas principais capitais brasileiras para promover o lançamento da publicação.