O fact-checking é uma especialidade do jornalismo que se dedica à verificação de fatos e informações divulgadas para confirmar sua veracidade. No Brasil, há agências e iniciativas voltadas para essa tarefa e que podem ajudar o eleitor a não cair em mentiras ou publicações enganosas. Confira as principais:
É Isso Mesmo?
Criado em 2014, o É isso mesmo?, mecanismo de checagem de GaúchaZH, entrou em nova fase em 2018, com foco na cobertura eleitoral. Para isso, ganhou o reforço dos repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI), que conferiram 60 declarações dos candidatos ao governo do Estado ao longo do primeiro turno das eleições. O trabalho segue no segundo turno, conferindo falas dos concorrentes ainda no páreo.
Comprova
Parceria que reúne 24 veículos da imprensa nacional — entre os quais, GaúchaZH — em um trabalho colaborativo para identificar conteúdos manipulados que possam influenciar a população. Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e apoiada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), o Comprova surgiu a partir de iniciativa do First Draft, entidade de pesquisa e combate à desinformação na internet ligada à Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O Google News Initiative e o Facebook Journalism Project financiam a proposta.
Fato ou Fake
Com apuração feita em conjunto por jornalistas de G1, O Globo, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo, o serviço publica alertas sobre conteúdos duvidosos disseminados na internet ou pelo celular, esclarecendo o que é notícia (fato) e o que é falso (fake).
Aos fatos
Criada em 2015, a agência com bases no Rio de Janeiro e em São Paulo é mantida por uma equipe de profissionais multidisciplinares e uma rede de freelancers que acompanham declarações de políticos e autoridades de expressão nacional, de modo a verificar se eles estão falando a verdade. A agência trabalha segundo o código internacional de princípios e condutas estabelecido pela Rede Internacional de Fact-Checking Network (IFCN, sigla em inglês), cujo objetivo é certificar seus leitores de que eles terão acesso a material desenvolvido por um veículo apartidário e comprometido com a transparência de suas atividades.
Lupa
Agência criada no mesmo ano, acompanha o noticiário diário de política, economia, cidade, cultura, educação, saúde e relações internacionais para corrigir informações imprecisas e divulgar dados corretos. O resultado desse trabalho é vendido a outros veículos de comunicação e também publicado no próprio site da agência, incubado no portal da revista Piauí, no modelo de startup — a Editora Alvinegra, que publica a revista mensalmente, é o principal investidor da agência. A Lupa também integra a IFCN.
Truco
Projeto de fact-checking da Agência Pública, verifica falas, correntes e informações em circulação na internet ou em redes sociais para saber se são verdadeiras ou não, principalmente relacionadas ao discurso público de políticos e personalidades.
Boatos.org
Criado em junho de 2013, o Boatos.org é um site atualizado diariamente por uma equipe de jornalistas que verifica e compila mentiras que são contadas online. É um dos serviços do ramo mais antigos do país.
E-farsas
Criado pelo ex-pedreiro e atualmente Analista de Sistemas Gilmar Lopes, o blog é também um dos serviços de verificação há mais tempo em atividade no Brasil. Teve início em 2002, ironicamente em 1º de abril, considerado dia da mentira. Faz pesquisas sobre as farsas que circulam na internet e, segundo dados do próprio site, tem média de 40 mil visitas únicas diárias.
Detalhe
Em março, um estudo publicado na revista norte-americana Science concluiu que há pouco fundamento para confirmar que as fake news modificam o posicionamento político. Mencionada pelo professor Marcus André Melo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em artigo publicado na Folha de S.Paulo, a pesquisa sinaliza que a desinformação não seria suficiente para mudar voto. Melo também recorre a uma análise da Universidade de Stanford que calculou a influência das notícias falsas na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, segundo o qual o impacto foi na "ordem de centésimos de um ponto percentual", bem abaixo da diferença de votos que levou o republicano à Casa Branca. O pesquisador cita ainda estudo do MIT cuja conclusão aponta que as fake news motivam as pessoas a compartilhá-las quando vão ao encontro de seus crenças e confirmem suas atitudes pré-existentes.