Eleitores que não fizeram o recadastramento biométrico têm de esperar mais tempo nas filas de algumas seções na votação deste domingo (7) em Porto Alegre e em outras 70 cidades do Estado. Isso porque os mesários estão fazendo testes das digitais por meio de dados cruzados com o Instituto Geral de Perícias (IGP).
Na Capital, os relatos de filas ocorreram em várias regiões, principalmente nos colégios Padre Reus, Protásio Alves, Imperatriz Leopoldina, Bom Conselho, além da faculdade IPA, entre outros. Uma mesária, que não quis se identificar, informou à reportagem que na sua seção, no bairro Menino Deus, os eleitores reclamaram da demora. Em Ipanema, zona sul da cidade, pessoas ficaram até uma hora nas filas.
No Protásio Alves, algumas pessoas disseram que houve um pouco de demora na biometria pelo fato de que o sensor não reconhecia rapidamente as digitais. No Padre Reus, a servidora pública Ana Carolina Tróis, 45 anos, diz ter estranhado que, mesmo aparecendo a foto dela na hora do voto com biometria, exigiram a foto dela.
Apesar do voto de Ana não ter demorado, outras pessoas se confundiram com questões como esta e perderam tempo pra votar, principalmente na busca por informações ou por indecisão. No Clube do Professor Gaúcho, em Ipanema, houve problemas com urnas na seção 34 e eleitores levaram mais de 30 minutos nas filas.
Relatos de filas também são registrados em outros locais de votação na Região Metropolitana e no Interior. O atraso ocorre porque são feitas até quatro tentativas de reconhecimento das digitais, comparando com os dados repassados pelo IGP. Assim que o teste é feito, a pessoa é liberada para votar.
Mesmo sem reconhecimento digital obrigatório, alguns locais de votação de Sapucaia do Sul pensaram no conforto dos eleitores. É o caso das sessões 25 e 85, localizadas na Escola Nossa Senhora de Fátima, no Centro.
No espaço, cadeiras do auditório do colégio foram colocadas à disposição dos eleitores, que puderam esperar pelo voto com mais comodidade. Da mesma forma como em Porto Alegre, algumas sessões do Vale do Sinos estão testando a biometria. Com isso, o tempo de espera pode levar 20 minutos. Sapucaia do Sul tem 105.070 eleitores aptos a votar, todos concentrados em apenas uma zona.
Em Caxias do Sul, mesários também confirmaram atrasos na votação, já que muitos eleitores fizeram os quatro testes e não tiveram a digital identificada. O tempo de espera nas filas é de cerca de 20 minutos.
Secretário da Corregedoria Eleitoral do TRE, Josemar Riesgo esclarece que a parceria com o IGP tem a finalidade de diminuir o número de eleitores que ainda não têm a digital cadastrada.
— É um teste. A biometria é tentada quatro vezes e, se a digital não funcionar, a pessoa é liberada para votar normalmente.
Os dados foram importados a partir de convênio da Justiça Eleitoral com o governo do Estado para acelerar o cadastramento biométrico de eleitores, aproveitando registros já existentes. As digitais desses eleitores serão incluídas no sistema, mas será necessário comparecer ao cartório eleitoral posteriormente, no cronograma que será definido para cada município, para complementar o cadastro biométrico.
Por isso, o eleitor não deve se surpreender caso, no momento da identificação, o mesário pedir para que o mesmo se identifique por meio da digital, ainda que ainda não tenha feito seu recadastramento biométrico. Apesar de reclamação, o TRE afirma que o procedimento é normal e promete trazer ainda mais segurança na identificação dos eleitores.
Riesgo afirma que, mesmo com as filas, não existe a possibilidade de suspender os testes em Porto Alegre e nos demais municípios envolvidos. O secretário da Corregedoria Eleitoral afirma ainda que, caso marque 17h e o eleitor ainda aguarde na fila, ele terá direito de votar, mesmo passando do horário oficial de encerramento.
Voto biométrico
O RS tem 59,74% dos eleitores com voto biométrico obrigatório. São 426 dos 497 municípios com votação 100% biométrica. Além do teste com os dados do IGP em 71 municípios, em outras cidades eleitores têm reclamado da demora para votar em função da biometria. Eles afirmam que o sistema demora para reconhecer as digitais.
O TRE diz que não recebeu nenhuma informação de defeito em máquinas. O argumento do tribunal é de que é um sistema novo para muitos eleitores e de que o voto neste pleito é demorado, em função do número de votos necessários (deputado federal, deputado estadual, dois para senador, governador e presidente).
Quem tem o e-título (título digital instalado em aplicativo de smartphones), e fez o recadastramento, não precisa levar documento com foto. Mas a gerente de atendimento ao eleitor do TRE, Tânia Marra, orienta que se leve um documento como garantia:
— Vai que acaba a bateria do celular.