No último bloco do primeiro debate do segundo turno, Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB) protagonizaram uma nova discussão acalorada, encerrando o confronto no mesmo tom que marcou as mais de duas horas de programa. Pouco depois das 10h, a colunista Rosane de Oliveira provocou os candidatos com um tema levantado pelos ouvintes da Rádio Gaúcha pelo WhatsApp: a questão tributária.
Em quatro minutos, Leite e Sartori defenderam as suas propostas para recuperar a economia e a competitividade do Rio Grande do Sul. Primeiro a falar, o ex-prefeito de Pelotas comprometeu-se a manter a atual alíquota do ICMS por dois anos e, depois, reduzi-la de forma progressiva:
— Dois anos é o prazo necessário para que o governo reveja o sistema tributário e promova a sua redução de forma gradual, atingindo principalmente aquilo que a população mais está pagando: combustível, energia e telecomunicações.
Na sequência, o governador rebateu. Sartori afirmou ser inviável, diante do cenário de crise, reduzir a alíquota.
— Não cabe outra alternativa, nessa atualidade. Não vai aumentar, mas manter. Não vou ser cínico a ponto de achar que o Estado possa perder os recursos que tem nas condições em que vive hoje — revidou o emedebista.
Leite interveio:
— Não é questão de cinismo, governador.
— Estou falando de mim mesmo — rebatou Sartori.
Nos minutos finais, os candidatos fizeram as suas considerações aos eleitores. Confira:
José Ivo Sartori (MDB):
"Eu disse, no começo da nossa caminhada, que sou otimista com o Rio Grande do Sul e sei que isso não depende única e exclusivamente de nós. Tem outros que acham que tudo está errado, que nada está certo. Eu quero dizer a todos que nos acompanham há quatro anos que não esqueci de ninguém, pelo contrário. Fiz tudo aquilo que podia diante da maior crise da história do Estado do Rio Grande do Sul. Fiz o que precisava ser feito, e esse foi o meu compromisso. Cometemos erros, é verdade, sem dúvidas, podemos ter cometido, mas as mudanças que fizemos hoje são exemplo para o Brasil. Somos o primeiro Estado que reconheceu a crise. Sabemos que a força do Rio Grande está colocada no sentido que não se deve fazer aventura, mas, hoje, como se diz no Interior, a pegada é forte, é para os fortes e essa é a força que nós temos. No fundo, é também em vocês todos, nosso agro é um orgulho nacional, a nossa agricultura familiar e o cooperativismo também, no comércio, na indústria, nos serviços, na questão da inovação e da tecnologia, nas universidades, nos bairros, nas associações, nas vilas, nas comunidades... Todo mundo olhando com apreensão. E eu acredito, sim, que estou aqui pela gurizada, pelas crianças e, principalmente, pelos mais pobres, e tenho certeza que vamos colocar o Rio Grande de pé. Mas isso não se faz sozinho. Se faz com união, com solidariedade e olhando para a frente e recuperando a esperança de melhores dias para os gaúchos. Mas não a esperança do momento e da ocasião, a esperança da verdade que é feita pelas mãos calejadas de todas as gaúchas e gaúchos."
Eduardo Leite (PSDB):
"Agradeço ao (Daniel) Scola, agradeço à Rádio Gaúcha, agradeço ao meu adversário, governador José Ivo Sartori. Fui acusado pelo meu adversário, no início desse debate, de fazer marketing. Inclusive, usou uma expressão de 'parole, parole, parole', de 'palavras, palavras, palavras', que, na verdade, na minha visão, muito mais se assentam para ele do que para mim. Inclusive, convido quem está nos escutando pela rádio a acompanhar pela rede social o vídeo. Quem fica lendo tudo que está sendo dito não sou eu, não sou eu que fico lendo tudo que a assessoria tenha preparado. Estou aqui manifestando o meu sentimento e a minha visão de futuro para o Estado. Inclusive, quero propor que, os próximos debates, a gente faça sem apoio das assessorias e sem anotações, sem nada, para a gente poder deixar claro quem vem com palavras pré-preparadas ou quem está expressando o seu sentimento e a sua capacidade de governar o Estado. Estou muito entusiasmado para ser governador do Rio Grande do Sul. Eu não acho que eu vá resolver todos os problemas do Estado, não tenho essa expectativa, mas tenho a certeza, sim, de que, ao final de quatro anos, a gente entrega resultados para resgatar a esperança e a confiança do povo gaúcho. Em Pelotas, tivemos a aprovação, vejam, de 70% da população da minha cidade, agora nas urnas, que compreende e conhece o nosso trabalho com profundidade e meu deu o seu voto por sabe como fazemos política. Uma política que, se não resolve todos os problemas, e não resolve, evidentemente, não somos super-heróis, entrega resultados que permite a população resgatar a sua confiança no futuro da cidade e, agora, no futuro do Estado. Vamos botar esse Estado para crescer e se desenvolver. O que vai recuperar o Estado não é um plano de parar de pagar as contas e a dívida com a União. O que vai recuperar o Rio Grande do Sul é uma política de desenvolvimento que dê espaço para a produção, que gere emprego, renda, riqueza. Nós temos esse plano, nós temos os projetos e vamos botar o Rio Grande para crescer."