Com a proximidade do segundo turno da eleição presidencial, assessores próximos ao presidente Michel Temer veem crescer a presença virtual de Jair Bolsonaro (PSL) nos corredores do Planalto. Nos bastidores, a influência do capitão reformado do Exército e de seus interlocutores tem aumentado, chegando a interferir em indicações para órgãos públicos e nas articulações para o comando do Congresso em 2019. O candidato é cortejado por ministros e partidos que vislumbram espaço em eventual governo.
Em contato informal com a atual equipe do Executivo, assessores de Bolsonaro relataram sua contrariedade ao preenchimento de cargos estratégicos em estatais no final deste mandato. O Planalto chegou a indicar que congelaria as nomeações de quatro vice-presidentes para a Caixa, deixando a ação para o próximo presidente. Mas, após repercussão negativa e pressão da equipe econômica, voltou atrás.
A decisão foi tomada após reunião entre Temer e o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
— Os nomes já estão selecionados, então as nomeações devem acontecer nos próximos dias — disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, negando ter havido interferência de assessores do candidato do PSL.
O ministro não revelou se as indicações para agências reguladoras que terão cargos vagos até o final do ano também serão destravadas.
No caminho inverso, Temer também estaria buscando aproximação. Mais do que defender a permanência de aliados no Executivo, caso a vitória de Bolsonaro seja confirmada, ganhou força no Planalto a ideia de uma “saída digna” para o atual presidente. Um dos interlocutores do emedebista seria o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins Filho, que esteve com o presidenciável nesta semana, sem revelar o tema do encontro. A corte também é feita por integrantes do primeiro escalão do Executivo. Pelo menos cinco ocupantes da Esplanada dos Ministérios posicionaram-se em favor do capitão da reserva.
Ainda assim, integrantes do DEM são os mais próximos ao candidato. Nesta semana, ao se encontrar com 32 integrantes da bancada da bala do Congresso, Bolsonaro sinalizou a presença em eventual governo de dois deputados federais da sigla, com quem tem relação próxima: Alberto Fraga (DF) — condenado em setembro deste ano pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal por recebimento de propina — e Pauderney Avelino (AM). Ambos ficarão sem mandato a partir de 2019. O partido é o mesmo do deputado federal Onyx Lorenzoni (RS), anunciado como futuro chefe da Casa Civil, em caso de vitória nas urnas, e do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que tenta um terceiro mandato à frente da Casa.