Manifestantes contrários ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, protestaram neste sábado (29) em diversas cidades no Brasil. No Brasil, pelo menos 60 atos foram agendados em cidades como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Porto Alegre, Vitória, Florianópolis, Belo Horizonte, Salvador, Natal, João Pessoa, Recife, Fortaleza, Aracaju, Palmas, Campo Grande, Manaus, Belém e Cuiabá.
Porto Alegre
Ato contra Bolsonaro levou uma multidão ao Parque Farroupilha na tarde deste sábado. Batizado de #EleNão, o movimento foi liderado por mulheres, mas também reuniu homens e crianças expressando o protesto contra Bolsonaro em camisetas, faixas, cartazes e bandeiras. O público se concentrou nas proximidades do Monumento ao Expedicionário, mas avançou para a área de jardins e gramados da Redenção, para parte da Avenida José Bonifácio e para o acesso à Rua Santana. O ato foi encerrado com uma caminhada pela região central da cidade, no início da noite.
São Paulo
Em São Paulo, a concentração de manifestantes começou no início da tarde em torno do Largo da Batata. Já no Rio, centenas de pessoas reúnem-se na Cinelândia, na área central da cidade. Muitos manifestantes, especialmente as mulheres, responderam à convocação dos organizadores e vestiram lilás.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, manifestantes contrários a Bolsonaro se reuniram na Cinelândia, na região central da cidade, no início da tarde. No fim da tarde, os participantes saíram em passeata pelo centro. O ato foi encerrado por volta das 21h, segundo o G1.
Florianópolis
Diversas pessoas foram às ruas de Florianópolis, Santa Catarina, na tarde deste sábado, para protestar contra Bolsonaro. Milhares de pessoas que se concentraram no Largo da Catedral, passaram pela Avenida Beira-Mar Norte e encerraram a manifestação em frente ao Terminal de Integração do Centro.
Brasília
Em Brasília, manifestantes realizam caminhada desde a Rodoviária do Plano Piloto até a TV de Torre. Pelo menos 30 mil pessoas —de acordo com as organizadoras — participaram do ato convocado pelo coletivo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro". Na última atualização da Polícia Militar (PM), a mobilização tinha 7 mil pessoas. O protesto foi pacífico.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, as manifestações ocorrem na Praça da Sete, ponto central de Belo Horizonte. Com direito a trio elétrico, o clima do protesto foi de Carnaval e palavras de ordem contra o presidenciável. "Nem fraquejada, nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar", dizia uma das músicas. Os gritos de "ele não" também eram entoados com frequência.
Mesmo com a organização feita por mulheres — desde a segurança até instrumentistas — muitos homens marcam presença no protesto. Bandeiras e adesivos de outros candidatos e políticos foram vistos na manifestação. Eleitores de Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) se misturavam com apoiadores do ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.
Mundo
Diversas cidades ao redor do mundo também registraram atos contra Bolsonaro. Com o slogan #EleNão — criado em uma campanha de um grupo no Facebook que reúne 3,8 milhões de mulheres —, as pessoas se organizaram e protestaram em cidades da Alemanha, da França, da Suíça, da Itália e de Portugal.
Suíça
Em Genebra, uma das principais cidades da Suíça, as pessoas protestaram na frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) na Europa. Elas levavam cartazes com palavras contrárias ao candidato e pediam o fim do "fascismo".
França
Em Paris, na França, onde a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, da Frente Nacional, tem ganhado força nos últimos anos, pelo menos 250 pessoas se organizaram no centro da cidade para protestar contra o candidato brasileiro.
Imagens publicadas nas redes sociais com a hashtag #Elenão mostram também manifestações em Milão, na Itália. Em Barcelona, na Espanha, e em Lisboa, em Portugal, também houve protestos.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a criadora do grupo, Ludimilla Teixeira, afirmou que "só acendeu um fósforo no barril de pólvora". Na sexta-feira (28), a cantora Madonna postou uma mensagem contra Bolsonaro e aumentou a visibilidade do movimento nas redes sociais.
De acordo com as lideranças do movimento, a campanha #EleNão é para alertar a população sobre as ideias de Bolsonaro, consideradas pelos participantes como "fascistas e machistas". O crescimento do movimento provocou reações — no fim de semana dos dias 15 e 16, quando tinha em torno de 2,5 milhões de participantes, o grupo do Facebook chegou a ficar fora do ar após ser hackeado e ter o nome alterado com alusão favorável ao candidato do PSL. Mulheres foram agredidas verbalmente e receberam ameaças.
Também há suspeitas de violência física no Rio. Uma das administradoras do grupo na cidade registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil afirmando que foi agredida na noite de segunda-feira (24) por dois homens ainda não identificados. A ativista afirmou que vinha sendo ameaçada nas redes por causa da militância política, mas disse que não podia afirmar quem eram os agressores. Os homens levaram apenas o celular da vítima, deixando os demais pertences.
A mobilização pelas redes sociais começou a chamar a atenção em meados de setembro ao agregar mais de 300 mil mulheres em um único dia. Trata-se de um reflexo da rejeição a Bolsonaro entre as eleitoras — o percentual de mulheres que, nas pesquisas de intenção de voto, dizem que jamais votariam no deputado fluminense é maior do que o de homens.