Apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência realizaram uma manifestação na tarde deste domingo (30), em Porto Alegre. Majoritariamente vestidos de amarelo, de verde ou com camisetas pretas estampando o rosto do candidato, eles se concentraram na Avenida Goethe, junto ao Parque Moinhos de Vento, a partir das 15h.
Atos semelhantes ocorreram em outras partes do país. Uma das maiores mobilizações foi realizada na Avenida Paulista, em São Paulo. Em Brasília, o apoio ao candidato do PSL foi manifestado em duas carreatas. Na capital federal, a Polícia Militar estimou em 25 mil os veículos participantes. Essas manifestações ocorreram um dia depois de mulheres promoverem mobilizações contra Bolsonaro nas principais cidades do país e também no Exterior.
Pouco depois das 16h, os dois caminhões de som levados ao local pelos organizadores foram atravessados em ambas as pistas da Avenida Goethe, interrompendo totalmente o trânsito de veículos, o que provocou congestionamentos na região. Um dos caminhões ostentava na lateral uma grande faixa com os dizeres "O Brasil não aceitará a fraude", ecoando uma declaração feita por Bolsonaro em entrevista para a TV Bandeirantes, na sexta-feira (28) e reafirmada ao Jornal Nacional, da TV Globo, no sábado (29). O candidato afirmou que não aceitará outro resultado que não seja sua vitória nas eleições.
Uma outra faixa, na lateral oposta do caminhão, associava o PT ao atentado a faca sofrido pelo candidato. O autor do ataque, Adelio Bispo de Oliveira, não tem relação com o partido, de acordo com o relatório da Polícia Federal divulgado na última sexta-feira.
Presente no parque, o mecânico Adriano Oliveira, 31 anos, disse que era a primeira vez que tinha orgulho de fazer campanha:
— É a primeira vez que vejo um candidato com uma linha diferente. Chega de mimimi! Chega da mesma conversinha de sempre!
Amiga dele, a instrumentista cirúrgica Gisele Mattos dos Santos, 36 anos, contou que desde quinta-feira participa de um grupo de amigos que se dedica quase em tempo integral a fazer campanha para Bolsonaro nas redes sociais. Ela falou à reportagem de GZH sem tirar as mãos e os olhos do celular:
— Estamos metralhando no Facebook e no Instagram. Só não vota nele quem vai parar de mamar nas tetas.
A empresária Cristiane Pereira, 53 anos, disse que foi à manifestação porque quer ajudar Bolsonaro a vencer no primeiro turno. Ela entende que o candidato é perseguido pelos meios de comunicação:
— A mídia está muito contra ele. A Globo só põe coisa a favor do "ele não". Estou desiludida. E o pior é que sou fanática da Globo.
Cristiane disse que seu voto original seria para João Amoêdo (Novo), mas mudou de opção nos últimos dias.
— Na verdade, não sou apaixonada pelo Bolsonaro, sou é contra o PT — declarou.
Amiga dela, a psicóloga e produtora rural Paula Monteiro, 44 anos, também preferiria votar em Amoêdo, mas migrou para Bolsonaro "estrategicamente".
— É o mais viável que temos para evitar que o PT retome o projeto de tomar o poder. Neste momento, o antipetismo fala mais alto — declarou Paula.
Cristiane e Paula colocaram em dúvida que as grandes manifestações contra Bolsonaro ocorridas no sábado tenham de fato acontecido.
— Haddad colocou uma foto do Carnaval de rua na Marginal de São Paulo, como se fosse de manifestação política. É montagem — disse Paula.
O empresário Cássio Machado, de 42 anos, contou que costuma ser criticado nas redes sociais por ser negro e apoiar Bolsonaro. Machado, que é contra as cotas raciais, usava uma camiseta com a imagem de Bolsonaro e a frase "Acabou a palhaçada". Ele está convencido de que as acusações de racismo contra o capitão reformado são falsas.
— As pessoas editam o que ele diz. O Brasil precisa de um choque de ordem. Bolsonaro é o único que pode fazer isso — afirmou.
Além dos apoiadores, militantes que trabalham para candidatos dos partidos que apoiam Bolsonaro no Rio Grande do Sul também estiveram presentes nas ruas. Nos momentos em que a Goethe não estava totalmente interrompida, os bolsonaristas incentivavam os motoristas a buzinar em apoio ao seu candidato. Muitos obedeciam, mas uma mulher sinalizou que não apoiava o capitão. Através da janela aberta, ouviu ofensas de um participante da manifestação:
— Sai daqui, sua vagabunda — gritou ele.
Durante a mobilização, muitos eleitores do capitão reformado gravaram vídeos de si mesmos para postar no Facebook ou no Instagram. Uma mulher virou a câmera do celular para a própria face e preparou sua mensagem para as redes sociais:
— Mulher que se preza não é cabeluda! Vai depilar teu sovaco! Ele sim!
Organizadores do evento também afirmaram que uma eventual vitória de Fernando Haddad (PT) significaria entregar o Brasil a um governo totalitário, e levaram para discursar no carro de som dois venezuelanos que deixaram o país devido à crise humanitária.