O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) foi aplaudido e vaiado ao embarcar no voo que partiu do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, logo depois de ter recebido alta. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde 7 de setembro, um dia após sofrer uma facada no abdômen durante ato de campanha e passar por cirurgia em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Depois, precisou passar por outra cirurgia.
Bolsonaro embarcou às 15h46min em um voo da Gol em São Paulo e chegou ao Rio às 16h40min. Ele e a família foram os primeiros a embarcar em Congonhas e os primeiros a descer do avião no Santos Dumont. Foram recebidos aos gritos de #EleNão e #EleSim, além de "mito" e "fascista". Uma parte dos passageiros aplaudiu, enquanto outros vaiaram.
— Uma casal que estava do meu lado se recusou a viajar no mesmo voo e saiu do avião — contou a passageira Thais Canella, que estava no voo.
No voo, um dos passageiros gritou "viva coronel Ustra", em referência ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), ex-chefe do DOI-Codi (órgão de repressão política) de São Paulo durante a ditadura, declarado oficialmente pela Justiça como responsável por torturas. Duas pessoas se retiraram do voo: uma por achar que o avião não teria segurança, citando a morte do ex-governador pernambucano Eduardo Campos durante a campanha eleitoral de 2014, e outra por não gostar do candidato.
A viagem registrou um atraso de cerca de 20 minutos na decolagem por causa da presença de Bolsonaro. Antes do embarque do candidato, passageiros se exaltaram ao saber que o presidenciável estaria no voo. Alguns vibraram, outros gritaram "ele não", em referência aos protestos contra o presidenciável neste sábado. Alguns pediram calma, outros reclamaram da demora do avião a decolar.
Bolsonaro ficou na primeira cadeira, poltrona 1A, cercado de policiais federais que fazem a sua escolta. Os agentes também se espalharam pelo avião e bloqueavam quem passava perto da fileira de Bolsonaro. Os policiais ainda acompanhavam os passageiros que queriam ir ao banheiro até a porta. Devido ao ambiente tenso, funcionários da empresa aérea pediam calma a todo momento. Bolsonaro chegou a se virar uma vez e acenou para outros passageiros.
Equipes de alguns veículos de comunicação embarcaram no mesmo avião, mas outras ouviram da Gol que o voo não teria fila de espera por causa da presença de Bolsonaro. O candidato não quis dar entrevistas.
Segundo o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, Bolsonaro estava um pouco "ofegante". O único filho que acompanhou a comitiva foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL).
Logo que desembarcou, o candidato pegou um carro na pista do aeroporto e seguiu para casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. No local, carros com agentes da Polícia Federal esperavam o candidato.