A economia se tornou um dos principais temas da campanha à Presidência da República. GaúchaZH selecionou as três principais propostas ou promessas dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais – Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT).
Os pontos foram submetidos à análise de economistas de diferentes linhas de pensamento, para averiguar aspectos positivos, negativos e possíveis dificuldades de implementação. Apesar de a campanha estar em pleno andamento, a maior parte das ideias ainda é apresentada de forma genérica, sem detalhes de como poderão ser colocadas em prática.
Confira as propostas de Geraldo Alckmin:
1) Acabar com o déficit primário em dois anos
O presidenciável tucano diz que vai conseguir atingir a meta com combinação entre crescimento da economia, diminuição de gastos públicos e revisão de incentivos fiscais. O prazo, no entanto, é considerado curto. Mesmo assim, o candidato lembra que, se o país continuar com rombo por mais quatro anos, pode entrar em colapso.
O pesquisador da FGV Samuel Pessôa concorda que, enquanto não ficar sinalizada a solvência das contas públicas, mais demorada será a retomada da economia e maior o risco de traumas, como o aumento da inflação. Mas pondera que é preciso fazer de forma duradoura, com crescimento de arrecadação e redução de gastos. Ressalta que o prazo é curto diante do alto nível de despesas obrigatórias e faz um alerta. Para a solução ser rápida, talvez use recursos não recorrentes, como privatizações, e assim há o risco de não ser algo estrutural, com efeitos de longo prazo.
2) Privatizações
É favorável a privatizações, mas há exceções. Entre as estatais mantidas, menciona Banco do Brasil e Caixa e os negócios de exploração e produção de petróleo da Petrobras. Outras partes da petroleira, como o refino, não têm oposição do tucano. Alckmin se compromete ainda a continuar o processo de venda da Eletrobras. O governo Temer conseguiu se desfazer apenas de algumas distribuidoras da maior empresa de energia do país. O professor de economia da Unicamp Fernando Nogueira da Costa sustenta que privatizações como a da Eletrobras vão gerar desemprego e estagnação, por avaliar que, no Brasil, tradicionalmente os grandes investimentos são estatais, enquanto “a iniciativa privada é rentista”. Para Juliana Inhasz, do Insper, a Eletrobras privatizada ganha eficiência e, ao mesmo tempo, o governo consegue recursos de curto prazo para tapar problemas fiscais.
3) Dobrar a renda dos brasileiros
Tratando mais como promessa do que proposta, o tucano tem repetido que pretende dobrar a renda dos brasileiros. Ainda não estipulou prazo para alcançar a meta. O objetivo seria perseguido por meio de avanço na economia, com maior abertura comercial, melhoria na educação e ganhos com inovação tecnológica. A intenção, no entanto, é apontada como inexequível na duração de um mandato. A professora de economia Juliana Inhasz , do Insper, lembra que a proposta seria resultado de uma boa condução da economia, mas por enquanto não é possível entender quais seriam as políticas que levariam a isso. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o Brasil precisaria triplicar a produtividade da economia e dobrar os investimentos em infraestrutura para essa meta ser alcançada em 30 anos. O rendimento domiciliar per capita do Brasil ficou em R$ 1.268 em 2017, segundo o IBGE.