Assim como seus adversários na corrida pelo comando da Presidência da República, Ciro Gomes (PDT) visitou o Rio Grande do Sul nesta semana para tentar conseguir apoio dos gaúchos. Na tarde chuvosa desta sexta-feira (31), o ex-ministro circulou pela 41ª Expointer, em Esteio, intensificando o corpo a corpo com integrantes e representantes do agronegócio. Pouco após chegar ao complexo, Ciro concedeu coletiva à imprensa, onde defendeu uma boa gestão de distribuição de crédito como solução para incentivar a produção no agronegócio:
— Neste momento, precisamos garantir que o crédito chegue no tempo certo e no volume correto. É importante que o trabalhador que está na agricultura preste a atenção ao debate, porque os candidatos mais conservadores, Bolsonaro, Meirelles e Alckmin, estão propondo o fim dos subsídios.
Após a breve conversa com a imprensa, o presidenciável se dirigiu ao pavilhão da agricultura familiar, onde fez pausa na casa da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag). No local, foi recebido com petiscos e comeu porções de salame, queijo e palitinhos. Escoltado por sua esposa, Giselle Bezerra, pelos deputados federais Pompeo de Mattos (PDT) e Afonso Motta (PDT) e pelo candidato do partido ao governo do Estado, Jairo Jorge, Ciro visitou bancas de produtores no pavilhão e trocou cumprimentos com os presentes. A caminhada seguia tranquila até chegar à sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). No local, ao ser recebido pelo presidente da entidade, Gedeão Pereira, o presidenciável fez um pequeno afago, afirmando que o agronegócio "salva o Brasil na conta externa".
— Já deu um primeiro passo importante — disse Gedeão.
Em seguida, o líder da Farsul começou a elencar problemas enfrentados pela população brasileira, citando as áreas mais desassistidas. A partir daí, o clima ficou tenso na conversa entre ambos. Gedeão reclamou da falta de subsídios na agricultura e Ciro rebateu em tom mais elevado:
— O mundo inteiro subsidia sua agricultura — disparou Ciro.
— O Brasil não — respondeu o presidente da Farsul.
— O Brasil mais pesadamente do que todos — devolveu o presidenciável.
Em outro momento, Ciro argumentava e Gedeão se mexia para enxergar militantes atrás do presidenciável, visivelmente desconfortável com uma bandeira na qual estava escrito o nome Marighella. Ciro percebeu os movimentos e perguntou:
— Você não quer ouvir não?
O presidente da Farsul disse que queria escutar o candidato e explicou que estava observando a bandeira. Ciro respondeu que os militantes estavam com ele e que se eles tivessem de sair, também iria junto. Hipótese descartada por Gedeão. Após a conversa, ambos se cumprimentaram e o presidenciável posou ao lado do documento com 10 compromissos apresentados pela entidade. Ao sair do local, um dos admiradores do candidato do PDT criticou Gedeão:
— Esse homem é asqueroso.
— Dá pra ver — concordou o postulante à Presidência.
Durante a passagem pela feira, Ciro tomou o tradicional chimarrão, oferecido durante seu percurso. Após matear, soltou uma frase tradicional dos gaúchos:
— Mas que barbaridade, tchê.
Os poucos militantes presentes na caminhada de Ciro gritavam: "Escute o que eu vou te dizer, seu nome vai sair do SPC. Ciro nosso presidente para o Brasil voltar a crescer". Em debate de TV e na sabatina no Jornal Nacional, o presidenciável disse que vai ajudar a tirar o nome do brasileiro endividado do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) por meio de refinanciamento de dívidas.
O roteiro de Ciro pela feira chegou ao fim na casa da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), onde elogiou o trabalho das cooperativas gaúchas, que segundo o candidato, "são exemplo" para o Brasil. Mais tarde, o presidenciável participa de ato de campanha com o Jairo Jorge, em Osório, no Litoral Norte. O evento estava programado para começar por volta das 20h.