Em ato de campanha na tarde desta quinta-feira (27), em Canoas, o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, fez campanha acompanhado de correligionários gaúchos e criticou o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), e seu vice, o General Hamilton Mourão (PRTB).
— Alguns preferem dar à população revolver em uma mão e relho em outra. Nós vamos dar livro em uma mão e giz na outra — disse o presidenciável de cima de um carro de som na Praça da Bandeira, no município da Grande Porto Alegre.
A fala é uma menção indireta ao evento realizado na noite de quarta-feira (26) em Bagé, onde Mourão foi presenteado com um relho pelo prefeito do município, Divaldo Lara (PTB).
Questionado sobre a afirmação recente de Mourão sobre o 13º salário ser uma "jabuticaba" — isto é, algo que apenas brasileiros têm —, Haddad afirmou que a declaração ocorre na esteira do governo de Michel Temer (MDB), que "abriu uma porteira para a retirada de direitos dos trabalhadores". O resultado, diz, é que há candidatos defendendo tais medidas, como Bolsonaro e Geraldo Alckmin (PSDB).
Haddad também citou particularidades gaúchas: defendeu investimentos no Polo Naval, de Rio Grande, hoje praticamente abandonado.
— O Polo Naval era baseado em encomendas da Petrobras. Isso acabou. Nós vamos retomar - disse, sem entrar em detalhes.
Do alto de um carro de som, Haddad e sua candidata a vice, Manuela D'Ávila (PCdoB), fizeram campanha para as nomes da coligação no Rio Grande do Sul ao Piratini e ao Senado. Junto estavam também o candidato a governador Miguel Rossetto (PT), a candidata a vice-governadora Ana Affonso (PT), e os candidatos ao Senado Abigail Pereira (PCdoB) e Paulo Paim (PT).
As candidatas, em especial, acenaram ao público feminino, um ponto vulnerável na candidatura de Bolsonaro, ao se apresentarem como opções viáveis no Planalto e no Senado. A aparição dos ex-governadores petistas Olívio Dutra e Tarso Genro também animaram o público.
Às 17h25min, o ato se encerrou em Canoas. Haddad, Manuela, Rossetto e Maria do Rosário embarcaram no Trensurb, na estação Canoas/Lasalle, um percurso de cerca de 18 quilômetros, em direção ao Mercado Público. No trem, lotado, militantes puxavam cantorias de apoio.
— É o trem da alegria — alguém gritou.
Às 17h55min, a comitiva chegou ao Mercado Público. Haddad se dirigiu ao ponto central do prédio, onde foi cercado por militantes e apoiadores com tambores, chocalhos e vestes brancas, típicas de religiões de matriz africana. Depois, discursaram no Largo Glênio Peres, tradicional ponto de comícios petistas na Capital.
A agenda de Fernando Haddad no Rio Grande do Sul começou pela Serra, em Caxias do Sul, às 10h. O candidato declarou que tem "certeza" de que PT e PDT, do candidato Ciro Gomes, irão se apoiar no segundo turno, em um embate contra Jair Bolsonaro (PSL). A declaração ocorre após Ciro afirmar no debate da noite de quarta-feira, no SBT, que não gostaria de ter o PT em seu governo, se fosse eleito presidente.