O acirramento na disputa por uma vaga no segundo turno colocará em lados opostos representantes do mesmo campo político. Ciro Gomes (PDT), que perdeu fôlego nas últimas pesquisas, subirá o tom contra Fernando Haddad (PT), em movimento de alta desde que entrou na disputa. A tática é atacar, mas sem pesar a mão. A intenção é manter a porta aberta para eventual aliança contra Jair Bolsonaro (PSL), líder nos levantamentos.
O ânimo da cúpula trabalhista reapareceu após a divulgação da pesquisa Datafolha, na quinta-feira (20), em que Haddad e Ciro aparecem empatados tecnicamente. Na terça-feira (18), o Ibope havia apresentado distância maior entre os dois.
— Não vamos atacar, mas queremos mostrar que Haddad integra um processo que se esgotou — diz o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Em reuniões da coordenação de campanha, pedetistas afirmam que ainda há espaço para crescimento no Nordeste, onde Ciro desfruta de boa aceitação. No Sudeste, a oportunidade estaria entre os insatisfeitos com o PT. A estratégia é de se consolidar como antítese de Bolsonaro.
Aliados de Haddad evitarão fazer críticas e responder diretamente a ataques. A postura será mantida enquanto a tendência de alta nas pesquisas continuar.
Há crença de que a transferência de votos do ex-presidente Lula ainda não se completou, o que abre caminho para avançar no Nordeste, onde o PT tem sua melhor performance. Ainda há a esperança de ampliar a fatia nos maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais.
— Vamos trabalhar todos os dias para que mais e mais pessoas saibam que Haddad é Lula — afirma a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Apresentado como pacificador, o petista adotou discursos de tom moderado, sem os usuais ataques ao Judiciário. Além disso, sinais positivos estão sendo enviados ao mercado financeiro.
Mais atrás na disputa, Geraldo Alckmin (PSDB) diz acreditar que o PT estará no segundo turno e, por isso, seguirá os ataques a Bolsonaro. Marina Silva (Rede) seguirá evitando críticas contundentes.