Favorável à candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República, o PSB do Rio Grande do Sul resiste em aceitar o acordo alinhavado entre o diretório nacional da sigla e o PT na tentativa de isolar o candidato pedetista. O PSB gaúcho quer liberação para apoiar Ciro e, em troca, nos bastidores, planeja convencer o PDT no Estado a abrir mão de lançar um nome ao Senado – e, de quebra, a apoiar a campanha de Beto Albuquerque (PSB) para a vaga.
O pacto entre líderes de PT e PSB no país veio à tona na quarta-feira (1º). O PSB se comprometeu a anunciar neutralidade na corrida presidencial, deixando para trás a possibilidade de aliança com o PDT de Ciro. Em troca, o PT se dispôs a chancelar a tentativa de reeleição do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), limando a candidatura de Marília Arraes (PT) ao cargo.
A negociação desencadeou protestos nas bases regionais do PSB, incluindo o Rio Grande do Sul. O presidente estadual da legenda, José Stédile, diz que a decisão não é definitiva e afirma que, possivelmente, será revertida na convenção nacional do partido, prevista para domingo, em Brasília.
— Como lideranças maiores estão pressionando por liberar os diretórios estaduais para apoiar quem quiserem, acredito que é isso que vai acontecer. No Rio Grande do Sul, apoiamos majoritariamente o Ciro, embora também existam setores defendendo Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos). O que importa é ter uma definição. Achamos ruim não optar por nenhum candidato, porque parece fisiologismo — diz Stédile.
O próprio Beto Albuquerque – que, procurado por GaúchaZH, não quis comentar o assunto – nunca escondeu a preferência por Ciro e deve reforçar o coro a favor da liberação no domingo. Fontes no PSB afirmam que ele também tentará, nos próximos dias, persuadir o PDT gaúcho a apoiá-lo na disputa ao Senado. Detalhe: Beto é candidato em aliança com o governador José Ivo Sartori (MDB), que busca a reeleição, e o PDT aposta em Jairo Jorge para o Palácio Piratini.
Caso a articulação nacional envolvendo o PT se confirme, o diretório estadual do partido diz que nada muda no Rio Grande do Sul na relação – hoje conturbada – com o PSB. O partido chegou a compor o governo Tarso Genro (PT), que teve Beto Grill (PSB) como vice. Depois disso, os dois seguiram rumos opostos, com o PSB apoiando Sartori e o PT no lado oposto.
— Temos reunião do diretório nacional na sexta-feira para tratar dessa questão envolvendo o PSB. Para nós, independentemente do resultado, não vai mudar nada, porque o PSB no Rio Grande do Sul está com o Sartori, o que lamentamos — afirma Pepe Vargas, presidente estadual do PT.