Em vídeo compartilhado nas redes sociais, um homem denuncia a pesquisa do Datafolha dizendo que o levantamento foi fraudado. Isso porque o pesquisador se recusou a mostrar o questionário. Porém, essa acusação não procede. De acordo com o instituto, o entrevistador agiu corretamente.
O vídeo foi gravado no Rio de Janeiro entre 6 e 7 de junho, dias em que a pesquisa foi realizada. Na gravação, um homem que não se identifica acusa o entrevistador de fraude.
"Foi anulada agora a pesquisa Datafolha porque foi negada a informação de eu ler as perguntas", diz. "Como eu posso dar credibilidade a uma pesquisa onde eu não posso ler as perguntas?", questiona. Enquanto fala, o homem também grava o funcionário do instituto. O pesquisador tenta esconder o rosto e explicar que o questionário não pode ser lido pelo entrevistado.
Pela metodologia da pesquisa, os entrevistados não podem ler as perguntas com antecedência para que o resultado seja considerado válido. Segundo o site do Datafolha, "o questionário é o principal instrumento das pesquisas e a ordem das perguntas pode influenciar as respostas dos entrevistados".
O questionário foi publicado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no momento do registro da pesquisa, conforme determina a lei. O registro ocorreu em 4 junho sob o número BR-05110/2018 e pode ser consultado por qualquer pessoa.
O Datafolha confirmou que o entrevistador fazia a pesquisa para o instituto. Diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino afirmou que o pesquisador agiu corretamente ao se recusar a mostrar o questionário.
Gravado no início de junho, o vídeo voltou a ser compartilhado nas redes sociais após o resultado de nova pesquisa do instituto, divulgado na última quarta-feira (22). Às 10h30min, a página do Facebook Rio Conservador compartilhou o vídeo, que já conta com mais de 400 mil visualizações e 30 mil compartilhamentos. "Funcionário de instituto de pesquisa é pego em flagrante tentando manobrar pesquisa eleitoral. Eles estão fazendo de tudo para evitar a vitória de Bolsonaro", dizia o texto.
Inicialmente, a gravação havia sido compartilhada pela página Movimento Brasil Contra a Corrupção (MBCC), à 0h08min de 8 de junho.
Enganoso
A acusação de fraude não procede. Segundo o Datafolha, o pesquisador agiu corretamente. Para que o resultado da pesquisa seja considerado válido, o instituto não permite que os entrevistados leiam as perguntas antes de respondê-las.
Projeto Comprova
Este texto foi originalmente publicado no site do Projeto Comprova. A evidência foi checada pelos veículos parceiros O Povo e Folha de S.Paulo.
O Comprova é um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros, incluindo GaúchaZH, para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas durante a campanha presidencial de 2018.