Nascida em Rosário do Sul, Carmen Flores (PSL) ganhou fama após ter sido alçada a garota propaganda de uma loja de móveis na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. Chegou à Região Metropolitana nos anos 1970, onde fez carreira no setor moveleiro. Foi vendedora, passou a gerente e deu nome à própria loja de mobiliário e decoração.
De lá para cá, concorreu a deputada estadual em 2014, pelo PP, sem êxito. Mudou de partido, filiando-se ao PSL, e se identificou com a extrema-direita.
Agora, não esconde a admiração pelo candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e admite que disputará uma das vagas ao Senado para dar espaço ao colega de sigla, que ficou sem palanque no Estado:
— Sou candidata por um chamado do PSL estadual para ajudar Jair Messias Bolsonaro por ele não ter tempo de TV. Porque preferiu não se coligar com partidos do toma lá da cá. Dessa forma, poderia governar com independência.
A empresária é a sexta entrevistada da série sobre o que pensam os concorrentes ao Senado a respeito de temas relevantes em pauta. A publicação das entrevistas segue a ordem da pesquisa Ibope divulgada no dia 17.
Qual é a sua posição sobre a revisão do foro privilegiado?
A gente quer a revisão do foro privilegiado porque queremos mudar o que está acontecendo, o que está aí. O foro privilegiado nunca deveria ter existido, não deve existir de nenhuma forma. Acho que todos somos iguais.
A senhora é a favor ou contra a reforma da Previdência?
Sou a favor da reforma da Previdência, só que não da forma como estão fazendo hoje. A reforma tem de ser feita para todos, igualitária. Acho que tem gente que se aposenta muito jovem e outros muito velhos, então aumentar a idade não concordo. Com 60 anos,
a pessoa tem de se aposentar, sim. O aposentado não pode ganhar tão pouco como ganha hoje. Tem de existir uma reforma que faça com que as pessoas tenham rendimento melhor. O dinheiro que um idoso ganha, às vezes, não dá para comprar a medicação. A saída não seria contribuir mais, mas roubar menos. Com certeza existe um déficit absurdo. Qualquer criança sabe hoje que o nosso dinheiro é desviado e não usado para aquilo que deveria ser empregado.
E sobre a reforma tributária, qual é a sua posição?
A favor da reforma tributária, urgentemente, porque não existe como nós, empresários, sobrevivermos. Tivemos mais de 220 mil lojas fechadas no Brasil no ano passado. Tínhamos 2.380 indústrias moveleiras no Rio Grande do Sul e hoje estamos com menos de mil. Então, é um fracasso, acabaram com nossas empresas, acabaram com nossos empregos, e onde está esse dinheiro? O empresário continua pagando, mas só que 45% do que vende é do governo, e esse dinheiro não retorna para o Estado. O que temos hoje no projeto Jair Bolsonaro é mais Brasil e menos Brasília, que a União seja a fiscalizadora dos impostos, não a recebedora.
O Rio Grande do Sul deve aderir ao regime de recuperação fiscal da União?
É a única solução que o Estado tem hoje. Não tem outra saída. Não tem como pagar. Não vou te dizer exatamente o projeto do governador Sartori, mas pelo o que se sabe ele está tentando fazer um trabalho mais correto possível, dentro das possibilidades em que pegou o Estado. Se me eleger senadora, uma das grandes brigas é defender meu Estado. Tem de aderir ao regime e trabalhar com a inadimplência que está muito grande. Como acabar com a inadimplência? Melhorando a situação das empresas, porque quem gera emprego hoje? As empresas. As empresas estão quebradas, então, entre pagar o funcionário e o fornecedor, deixam de pagar impostos.
É favorável à criação de municípios, com a regulamentação para futuras emancipações?
Nunca, de forma nenhuma. Já tem municípios demais, câmaras de vereadores demais. É exatamente isso, enxugar, acabar com as mordomias. Para que mais cidades? Uma cidadezinha que tem 6 mil, 4 mil habitantes? Para ter um prefeito, vereadores, e isso tornar mais caro o Estado?
O que pensa sobre o projeto Escola sem Partido? Votará a favor ou contra?
Totalmente a favor, porque é um absurdo ter partidos nas escolas. Hoje, nossos professores educam as crianças para um partido, isso é o que foi feito. Todos sabemos que nossas crianças são educadas para serem de um partido que eles criaram aí. E o pior de tudo é ensinarem isso às crianças e brigarem. Não temos o direito de ser de direita, não tem esse direito, temos de ser de esquerda de qualquer forma, se não somos rejeitados. Está quase como ideologia de gênero.
Qual sua posição sobre as cotas nas universidades públicas?
Acho que não pode existir cotas, acho que somos todos iguais: brancos, negros, índios... Somos iguais e temos a mesma competência. É um absurdo eu tirar uma nota cinco e você tirar nota nove e você não puder entrar porque estou dentro das cotas.
Na Constituição, segurança pública é responsabilidade dos Estados. Mudaria esse preceito?
Acho que deve ter união dos dois. Lógico, o Estado é responsável pelo seu povo. No Estado, com nosso potencial de produção, não termos capacidade de defender nosso povo... Realmente, é complicado. Mas a União deve ajudar e o Estado deve pedir socorro para a União quando for necessário.
É a favor de privatizações? Quais estatais poderiam ser vendidas e quais são estratégicas?
Tem muitas estatais que realmente não tem utilidade nenhuma a não ser cabide de emprego, mas também temos muitas que dão lucro. Acho que essas devem ser preservadas. Não posso dizer hoje quais delas deveriam ser e quais que não deveriam ser privatizadas, até porque, sinceramente, não estudei profundamente. Há muitas que tem de entrar lá dentro e ver se podem dar lucro ou não. Se estão mal administradas ou porque o nosso funcionário público não está motivado a trabalhar.
Qual sua opinião sobre a descriminalização das drogas e do aborto? Por quê?
Sou totalmente contra as drogas, destroem as nossas famílias. O usuário é uma vítima. Os traficantes tomaram conta das nossas cidades, dos nossos bairros, tem lugares que hoje, para abrir uma lancheria, tem de pagar pedágio para os bandidos. Ou isso acaba ou teremos de ir embora daqui. Sou totalmente contra o aborto, em hipótese nenhuma sou a favor. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. No caso de estupro, Deus nos livre e guarde, nenhuma mulher quer passar por isso, sou a favor, mas existem métodos hoje, como a pílula do dia seguinte. Em um caso desses, não há necessidade de esperar para fazer um aborto.