Em artigo publicado nesta terça-feira (14) no jornal norte-americano New York Times, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a fazer a defesa de sua candidatura à Presidência, destacando ter fé que a Justiça prevalecerá. Contudo, admite que o tempo está correndo contra a democracia.
"Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial. Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora evidência de minha inocência e me negaram habeas corpus apenas para tentar me impedir de concorrer à Presidência. Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então deixe o povo brasileiro decidir", diz o texto, escrito da prisão pelo petista.
O artigo foi publicado um dia antes do encerramento do prazo previsto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o registro das candidaturas que irão disputar as eleições gerais no país. Por ter sido condenado em segunda instância por um órgão colegiado da Justiça, o TRF4, Lula está impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
Contudo, o PT insiste em manter o seu nome na disputa, tendo como "plano B" o do ex-prefeito Fernando Haddad e o da ex-presidenciável do PC do B, Manuela D'Ávila.
Na segunda-feira, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner alertou sua sigla da necessidade de se colocar logo em campo a estratégia de substituição de Lula, pois o PT não pode esperar "a vida inteira" para expor Haddad.
No artigo que escreveu ao New York Times, sob o título "Eu quero democracia, não impunidade", o ex-presidente Lula reitera a sua tese de que "há um golpe de direita em andamento no Brasil, mas a justiça prevalecerá". Ele lembra que foi o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil e que, na ocasião, o mercado financeiro se abalou, mas destaca que o crescimento econômico que se seguiu tranquilizou o mercado.
E reitera que o programa que implantou de desenvolvimento do país e de inserção das classes mais pobres foi interrompido pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela sua prisão.
"Meu encarceramento foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil", diz Lula no texto.
Lula tece ainda críticas à gestão Temer e ao juiz Sergio Moro, condutor da Lava-Jato na primeira instância, dizendo que o magistrado tem sido celebrado pela mídia de direita no Brasil e se tornou intocável. E reitera que embora esteja na cadeia, "por razões políticas", está concorrendo à Presidência da República. E finaliza o artigo dizendo que não pede para estar acima da lei, mas que deseja um julgamento justo e imparcial. E apesar de dizer que é candidato, reconhece que "o tempo está correndo contra a democracia".