Líderes de partidos do "Centrão" fecharam nesta quinta-feira (19) acordo para apoiar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição presidencial. As cúpulas de DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade decidiram pelo apoio. Em contrapartida, o Centrão cobrou a indicação de Josué Gomes (PR), empresário dono da Coteminas, como candidato a vice-presidente. Josué é filho de José Alencar, que foi vice-presidente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e morreu em 2011.
Alckmin se encontrou com dirigentes dos cinco partidos após o PR, de Valdemar Costa Neto, aderir ao grupo nas negociações. Depois de se reunirem com o tucano em São Paulo, eles indicaram ao pré-candidato do PSDB que a aliança será formalizada até a próxima semana, após conversas internas nas legendas para convencer defensores de uma coligação com o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).
As cúpulas dos cinco partidos precisam aprovar no voto a aliança com Alckmin. Isso ocorrerá nas respectivas convenções nacionais de cada partido - o prazo para realização vai até 5 de agosto.
Nesta terça-feira (19), Alckmin disse ter "grande estima" pelo empresário e citou que era muito próximo do pai dele, José Alencar.
Aliados do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin já começaram a "comemorar" o acordo do presidenciável do PSDB com o 'Centrão'. O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) publicou um vídeo nas redes sociais afirmando estar "muito feliz" com a sinalização dos partidos do bloco favorável a Alckmin.
— Uma alegria muito grande comemorar, neste final de tarde de quinta-feira, um fato que parece agora muito encaminhado, a decisão dos partidos de centro de se somarem à candidatura de Geraldo Alckmin. A eleição deixa de ser uma disputa de gladiadores, e passa ser a hora de construtores — afirmou.
Reação de Ciro Gomes
Após ver o "Centrão" recuar de um possível apoio para sua campanha, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, "reconheceu" nesta quinta-feira (19) que "comete alguns erros", mas disse que quem quiser ajudá-lo terá que saber que seu governo "servirá aos mais pobres". Além disso, Ciro acenou aos partidos de esquerda ao defender que a paz no País só será restaurada com a "liberdade" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— Não vou atravessar esse campo minado, consertar as coisas e trazer de volta as riquezas para a nação brasileira sozinho. Não tenho esse poder, preciso sinalizar a todos os brasileiros de boa-fé que não sou o dono da verdade, eu cometo erros. Não me custa nada reconhecer isso, mas nenhum deles foi por deserção — afirmou.
— Quem quiser, quem puder me ajudar, será muito bem-vindo, mas saibam daquela porta para fora que este governo que eu liderar servirá aos mais pobres e trabalhadores — disse Ciro. O discurso foi feito na sede do PDT, em Brasília, quando recebeu documento assinado por diversas centrais sindicais, com exigências para seu programa de governo. Na noite desta quinta, ele se reúne com um grupo do PDT Mulher.
Até a semana passada, Ciro tinha mais força e a preferência de pelo menos dois presidentes dos partidos do bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Porém, recentes declarações polêmicas de Ciro provocaram desgaste e receio nos partidos, como um xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injúria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM. Além disso, há resistência a propostas econômicas do pedetista, como mostrou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo na edição desta quinta-feira.
Como mantém negociações avançadas com PSB e PCdoB, Ciro Gomes aproveitou para fazer uma aceno à esquerda, ao condenar o que chamou de "aberração" por parte do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) ao julgar um pedido de habeas corpus em nome do ex-presidente Lula. "Aquele domingo último foi uma das coisas mais assustadas que assisti. Como pode num domingo só tanta aberração lidando com coisas graves como a liberdade do maior líder popular do País", complementou.
Na sequência, o pré-candidato condenou o "mau exemplo" da política brasileira e do Judiciário. "Olhando para a política o que vem todo só vem o mau exemplo, a roubalheira e o verdadeiro caos institucional. ê procurador fazendo política, juiz fazendo política, invadindo as atribuições uns dos outros", disse.