O Partido da República estava entre as candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e do ex-presidente Lula (PT), mas a última informação de seu cacique, Valdemar da Costa Neto, é de que o PR quer seguir o chamado “blocão”, que reúne DEM, PP, PRB e Solidariedade. Esse grupo está dividido entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), mas é possível que rache e cada partido escolha o concorrente que achar mais conveniente.
Se você ficou tonto com o parágrafo acima, espere até o encerramento das convenções para ver o que os partidos farão em matéria de alianças de ocasião. Acompanhe as inconsistências entre as coligações nacionais e as alianças regionais. Coerência é uma palavra riscada do dicionário da maioria dos partidos, grandes ou pequenos.
Como o PTB e o PSD estão praticamente fechados com Alckmin, a tendência é o ex-governador de São Paulo acabar atraindo outros partidos de centro, que ensaiaram voos próprios, mas não conseguiram decolar. É o caso do PRB, que lançou Flávio Rocha, mas o dono das Lojas Riachuelo desistiu ao constatar que sua candidatura era inviável. Agora, o partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus oscila entre Alckmin e o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB).
Outro caso emblemático de incoerência é o do nanico PRP: no mesmo dia em que o general Augusto Heleno chegou a ser anunciado como vice de Bolsonaro, o partido disse não à coligação, porque na Bahia apoia a reeleição do governador Rui Costa (PT). Resultado: às vésperas da convenção, Bolsonaro perdeu o segundo candidato a vice (o primeiro foi o senador Magno Malta, do PR).
Nos Estados, a situação beira a comédia: o principal critério para as alianças não é a convergência com o projeto dos candidatos a governador, mas a combinação mais favorável à eleição para o Legislativo. O que interessa mesmo é eleger deputados federais, porque é isso o que conta para a distribuição do fundo partidário, do fundo eleitoral e do tempo de TV. Mais do que isso: uma bancada numerosa significa poder na negociação de cargos com o presidente e com os governadores eleitos, que precisam de maioria para aprovar seus projetos.
Aliás
As regras que vêm sendo adotadas pelos partidos na divisão do fundo eleitoral confirma o que se temia quando a verba foi aprovada: tudo está sendo feito para evitar a renovação.