CORREÇÃO: a reforma da UBS Mariani foi retomada no último dia 4 e o prazo pra finalização dos trabalhos é de 180 dias (contados a partir da retomada). A unidade não será aberta em até 15 dias, como foi informado pelo prefeito reeleito Adiló Didomenico. A informação incorreta permaneceu publicada entre segunda-feira (28) e terça-feira (29). O texto foi corrigido.
Adiló Didomenico (PSDB) está reeleito como prefeito de Caxias do Sul. Ele venceu com 51,38% (116.730 dos votos válidos) o segundo turno da eleição neste domingo (27). O candidato do PL, Maurício Scalco (PL), recebeu 48,62% ou 110.476 dos votos. Nesta segunda (28), o Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra entrevistou Adiló.
O bate-papo teve duração de 20 minutos, com mediação dos jornalistas Alessandro Valim e André Fiedler. Confira o bate-papo:
Gaúcha Serra: Está conosco aqui o prefeito reeleito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, que estava em outros compromissos, mas chega aqui a tempo da gente poder conversar ainda. Prefeito reeleito Adiló Didomenico, antes de mais nada, pessoalmente, parabéns pela reeleição.
Gaúcha Serra: O senhor vê essa eleição como uma aprovação do eleitor, como uma segunda chance
Adiló Didomenico: Eu entendo que o eleitor entendeu a nossa mensagem e tudo aquilo que nós passamos juntos, o cidadão sofreu junto conosco, com o governo. Nós assumimos em meio a um desarranjo administrativo do prefeito cassado, com orçamento devedor, em meio a dois anos de pandemia. A sociedade sofreu junto, todos os segmentos sofreram: empresas, profissionais, servidores públicos. Eu acho que o eleitor entendeu, ele viu o esforço que nós fizemos.
A gente, em nenhum momento, ficou choramingando, se queixando. Nós fomos em frente, a gente foi lutando, organizando, botando a casa em dia, e apesar de tudo, fizemos grandes entregas. Por mais que se diga que não, fizemos obras importantes. Organizamos a casa, fizemos grandes projetos. Eu acho que um recado muito bom veio da parte dos próprios servidores, que reconheceram as dificuldades. Tinham servidores em casa, não podiam comparecer no ambiente de trabalho. A prefeitura não tinha uma estrutura suficiente para colocar esses servidores online (na pandemia), trabalhando de forma remota, como se gostaria. Então, eu entendo que foi um reconhecimento.
É um novo governo, é um novo momento. Caxias está preparada para a gente já sair fazendo entrega, diferente de lá atrás, com as dificuldades que nós pegamos. E, com a parceria e a experiência do (Edson) Nespolo, eu tenho certeza que a gente vai poder dar uma resposta bem positiva e, também, unificar a cidade.
A campanha trouxe algumas farpas, algumas arestas, um voto muito ideológico em algum momento, mas isso tudo é página virada, daqui pra frente nós temos que governar para todos. É evidente que eu reconheço, e o meu carinho e agradecimento a todos que votaram em nós, porque, sem isso, nós não estaríamos aqui hoje. Mas vamos governar para todos.
Gaúcha Serra: Queria que o senhor comentasse rapidamente, porque a gente quer entrar em assuntos de futuro, como é que foi a campanha? O que o senhor ouviu do eleitor? E, especificamente, tem um momento aqui que eu gostaria que o senhor comentasse, que foi quando o senhor incorporou na campanha a questão do tatu, que era uma crítica que o senhor recebia bastante, mas o senhor acabou utilizando isso de uma forma divertida. Qual o peso que isso teve na sua campanha, na sua avaliação?
Adiló: nós recebíamos muita cobrança dos eleitores nos bairros, principalmente sobre algumas fake news, isso nos atrapalhou muito. A gente perdeu muito tempo explicando e desmanchando fake news, isso é um fenômeno que não é só de Caxias, isso aí terá que ter algum regramento no futuro, isso está desvirtuando muita campanha. E as críticas pelos buracos e pelo excesso de obra, somado ao excesso de chuva que nós tivemos das quatro enchentes, ele realmente deixou a cidade numa condição onde todo mundo sofria com isso. Ninguém dizia que nós estávamos sem usina, nós tínhamos perdido a usina de asfalto. Nós estávamos numa situação ímpar e estávamos atendendo o interior, salvando vidas, substituindo a estrada.
Não era o nosso propósito baixar o nível da campanha, e aí justamente o pessoal que nos acompanha e que organiza a parte de estratégia de campanha diz: vamos levar pro lado mais da brincadeira, carinhoso. Não, é um tatu, mas um tatu que fez obra, fez muitas obras, duas adutoras, nenhum prefeito fez isso simultâneo, nós rasgamos a cidade de ponta a ponta com duas enormes adutoras simultaneamente, isso aí tu tem que ter coragem pra fazer porque dá um volume de reclamação muito grande.
Só a adutora que vai lá pro Arco Baleno, ela atende a mais de 180 mil pessoas que frequentemente ficavam sem água. E vocês da imprensa são testemunha. Porque quando falta água, a reclamação é na hora. Quando rompeu a adutora que vem do Morro Alegre, de Vila Seca também, olha o transtorno que trouxe. Então, faltar água numa cidade é um absurdo. E nós encaramos duas obras simultâneas. O marco regulatório do esgoto, do saneamento, nós não paramos em nenhum momento, pagamos o preço por fazer obras sem pensar na eleição. E eu acho que isso o eleitor acabou entendendo durante a campanha.
Gaúcha Serra: agora, falando de futuro: vai ser um novo governo, o senhor disse, mas com uma continuidade. A obra do Devio Rizzo, quando é que fica pronta?
Adiló: Ela tem o prazo de mais um ano. Talvez não se consiga cumprir, tem que pedir prorrogação, mas nós vamos fazer de tudo pra que em um ano ela esteja pronta, eu acho que a parte pior nós já vencemos. E a Codeca vai tocar e toca bem essa obra.
Gaúcha Serra: um assunto muito tratado na campanha e que vai ter que ser enfrentado é a questão dos serviços funerários. Hoje tem o edital suspenso. Como é que se pretende encaminhar isso a partir de agora?
Adiló: Eu vou resolver isso. Tenha que fazer alteração que tiver que fazer, alguma inconsistência no edital, nós vamos alterar, nós queremos resolver. Eu acho que ali houve um aproveitamento político de uma eventual falha que nenhuma empresa apresentou. O pessoal foi direto na Justiça. Se tivesse só notificado, eu tenho certeza que a Cenlic, que é a central de licitações, faria a correção. Porque o edital não foi elaborado pelo prefeito, foi elaborado por servidores, com a participação do sindicato que representa todas as empresas, CIC, CDL. Ou seja, o prefeito não pode pagar o preço. Era só eles terem impugnado algum item que nós faríamos a correção. Como nós vamos fazer? Se tiver que retirar e refazer alguma coisa, vamos refazer. Pode ter certeza, nós queremos resolver isso.
Gaúcha Serra: Aeroporto de Vila Oliva, também se falou bastante na campanha. Quando é que começa a obra, prefeito?
Adiló: ele está com os recursos liberados, apenas dependendo de estabelecer o cronograma financeiro das obras. Isso é uma tarefa que a nossa Secretaria de Planejamento, junto com a Secretaria de Aviação Civil deve elaborar no máximo em 30 dias. E aí ele vai para a licitação, essa é uma obra que já vai andar. Essa está pronta para iniciar a primeira fase, que eu acredito que logo no começo do ano que vem nós teremos obra lá no sítio aeroportuário.
Gaúcha Serra: a Secretaria de Zeladoria e escritório em Brasília, tem alguma mudança que o senhor pretende fazer antes da posse, antes de janeiro?
Adiló: sim, esses projetos nós teremos que mandar para a Câmara de Vereadores esse ano, tanto a criação do escritório em Brasília quanto a Secretaria da Zeladoria. E nós também vamos sentar e discutir para a possibilidade de enxugamento, de incorporação de algumas secretarias, para não aumentar o número de secretarias. Nós não podemos criar despesas a mais. Nós precisamos entrar já o próximo ano com essas questões resolvidas.
Gaúcha Serra: e o Centro de Comércio Popular?
Adiló: esse nós conseguimos, depois de muita luta, assinar o contrato, o pessoal já está elaborando as divisórias internas, preparando o local. A nossa expectativa é que antes do final do ano a gente já aloque esse pessoal nesse novo espaço, onde vai funcionar também o banco do vestuário e mais uma unidade de centro de capacitação aqui em Caxias.
Gaúcha Serra: um outro assunto bastante debatido e que é bastante sensível, é o da saúde. O que se pode esperar, talvez já agora, mas principalmente no segundo mandato, com relação à nova UPA Zona Sul? Como é que está esse projeto? As filas de exames e consultas? Também tem o novo espaço do CES?
Adiló: tem quatro UBSs já em processo de licitação. Nunca, em nenhum momento, Caxias teve quatro UBS em processo de licitação. A telemedicina, que já foi feito licitação, está sendo lançada, a UPA Zona Sul nós vamos trabalhar em cima do projeto e buscar recursos para realizá-la e habilitá-la.
Mas nós vamos a Brasília e buscar somatório de forças aqui, de todas as forças vivas da cidade para tentar a atualização do teto MAC, não é possível que Caxias continue com o maior déficit do teto MAC do Rio Grande do Sul. Então é um direito, Caxias paga muito imposto e nós temos sido contemplado com poucas obras de infraestrutura.
Isso pode ter certeza que nós vamos insistir e o escritório em Brasília terá também essa função de ficar lá o tempo todo, pleiteando algumas demandas. A liberação da licitação do viaduto da BR com a Perimetral, que está na marca desde julho, faz um ano, mais de um ano que está pronto para ser licitado. E eu vou em busca também do projeto do viaduto da BR com a Rio Branco de Ana Rech.
Gaúcha Serra: ainda na saúde, e a UBS Mariani?
Adiló: a obra foi retomada no dia 4 de outubro e o prazo pra finalização dos trabalhos é de 180 dias (contados a partir da retomada).
Gaúcha Serra: Na questão da saúde ainda, o senhor falou de busca de mais recursos, de novas UBSs, da UPA Zona Sul, mas há um conceito de que o atendimento básico tem que ser melhorado, tem que ser ampliado, para que não se chegue a tantas filas na UPAs. Há uma ideia, uma questão mais de plano de gestão, não só de obras, mas de plano de gestão para melhorar esse atendimento básico e evitar, muitas vezes, que as pessoas cheguem ao ponto de ter que procurar uma UPA?
Adiló: Sim, você tem razão. Primeiro, nós estamos licitando uma nova empresa para a UPA Central, onde a gente colocou 70% do peso na questão técnica e 30% o orçamento para evitar justamente que a gente tenha os problemas que está tendo hoje.
Gaúcha Serra: Se leva mais em conta a questão financeira no atual contrato?
Adiló: É, o modelo de licitação até hoje sempre foi quem fazia o menor preço, essa nova licitação é 70% técnica e 30% preço. Agora, também não dá para desconsiderar que mais do que dobrou o volume de pessoas buscando atendimento do SUS. E nós contratamos uma empresa para suprir eventuais faltas nos postinhos, nas UBSs, que já está funcionando, melhorou muito.
Agora, onde nós vamos investir? Na atenção básica da saúde da família, porque ali nós tiramos o pessoal da fila. E a telemedicina, que vai poder proporcionar o conforto da pessoa fazer a sua revisão, pegar o atestado, renovar a receita de casa, no computador, isso vai melhorar muito. Então, pode ter certeza que vem muita coisa boa, não tem milagre na saúde, porque nós vamos continuar comprando exames e procedimentos. Mas nós dependemos de oferta e hoje não tem oferta suficiente para toda demanda aqui na região.
Nós fomos o município que mais abriu leito de 2021 para cá, 144 novos leitos. Mais do que a Capital, mais do que qualquer outro lugar, e continua a fila, porque a demanda cresceu muito. Agora está vindo um volume considerável de pessoas das cidades que alagaram, nós continuamos recebendo muitos imigrantes também. Então, a sobrecarga na saúde, ela existe, e por isso que nós precisamos atualizar o teto MAC com toda a urgência para que a gente possa dar uma resposta melhor ainda.
Gaúcha Serra: tem um ouvinte perguntando sobre a infraestrutura das ruas, das ruas que vão ser recuperadas...
Adiló: Nós vamos continuar. Isso aí não vai parar porque tem contrato assinado com a Caixa Econômica Federal. Uma parte é a Codeca e uma parte é a empresa Incopave, que é uma empresa reconhecida aqui, que faz a manutenção da BR-116. Então, isso vai andar, e tem outras, com recurso próprio do município. Demoramos porque a gente tinha perdido a usina de asfalto, o pessoal tem que lembrar isso, com a morte, inclusive, de um funcionário. Conseguimos comprar e instalar uma nova usina e agora não tem motivo para parar.
Gaúcha Serra: A propósito, o senhor falou da Codeca. Houve uma melhoria recente no recolhimento do lixo, inclusive nos finais de semana. Isso vai continuar?
Adiló: Esse é um dos problemas que eu tive um pouco de dificuldade de convencer o pessoal da Codeca. Tem duas ações que nós precisamos fazer, a primeira que já estamos executando. Tem que ter a separação interna do lixo nos prédios, e nós estamos discutindo com o Sinduscon porque onde se construiu torres de prédios, a capacidade dos contêineres ficou insuficiente.
Eu cito um exemplo ali de frente à Igreja de Santa Catarina. Não é culpa dos moradores, foram morar ali com projeto aprovado pela prefeitura, estão no seu direito, mas hoje o volume de pessoas que larga o seu seletivo naqueles contêineres aumentou e eles são insuficientes. Se eles tivessem um espaço interno para fazer a segregação e a Codeca recolher sem cobrar nenhum custo adicional, eu tenho certeza que seria bom para todo mundo, e é isso que nós vamos trabalhar agora, além de fazer a coleta nos finais de semana de manhã.
Ao par do grande volume de resíduos seletivos nos finais de semana, tem muita sacanagem de pessoas que vêm, inclusive de outras cidades, trazendo seus rejeitos, vem aqui recolher o seletivo e enche nossos contêineres. Então, domingo amanhece, porque a coleta era menor no domingo, menos equipe na rua, amanhecia aqueles contêineres transbordando. A dona de casa que precisava colocar o seu lixinho, a sua sacola, chegava ali e encontrava aquele cenário absurdo. Então, isso eu já vinha dizendo, nós estamos melhorando, vai melhorar e nós vamos continuar nessa luta para melhorar muito ainda.
Gaúcha Serra: mercado público e Maesa são assuntos discutidos há muito tempo. Como é que estã? E já queria que o senhor falasse também da PPP da educação.
Adiló: PPP da educação já passou pela Câmara, está andando e em 2025 já deve iniciar alguma obra. Maesa está no Tribunal de Contas do Estado para fazer a revisão, assim que devolver vai para licitação. Mercado público é questão de dias. Veja quanto projeto em andamento, nós éramos sempre massacrados, gente dizendo que Caxias não tem projeto, Caxias tem muitos projetos, o problema é que se esquece que nós pegamos dois anos de pandemia, que não foi uma administração normal. Então pode ter certeza que agora as coisas vão começar a aparecer.
Gaúcha Serra: Negociação do Magnabosco, o senhor assina em sua gestão?
Adiló: Eu espero que sim, ainda esse ano. Esse é um problema que Caxias precisa resolver até para ter tranquilidade para seguir e fazer o seu planejamento e a sua organização financeira.
Gaúcha Serra: o seu secretariado vai mudar muito?
Adiló: Olha, é um novo governo, é uma nova realidade, isso a gente vai ter que sentar com o Néspolo e com os presidentes de partido que nos apoiaram nesse primeiro turno para que a gente possa definir o novo desenho. É um novo governo, é um novo momento, não dá para antecipar. Eu tenho dito para muitos quando me perguntavam: não se escala governo antes de ganhar a eleição.