
Antes mesmo da confirmação do terceiro lugar de Denise Pessôa (PT) na disputa pela prefeitura de Caxias do Sul, o clima no comitê da coligação no centro da cidade era de indignação. A chapa da esquerda caxiense fez 26,29% dos votos, contra 27,50%, de Adiló Didomenico (PSDB), que foi ao segundo turno junto com Maurício Scalco (PL), com 38,04%.
Mas não foi o pronunciamento da candidata do PT que mais chamou atenção no comitê após a concretização da derrota. Vice na chapa de Denise Pessôa, o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) adotou um tom mais forte no discurso ao elencar aqueles que, segundo ele, foram os dois principais motivos pela derrota da coligação nas Eleições 2024.
— Duas questões nos levaram a esse insucesso eleitoral por 1%. O primeiro, muito forte, que ainda tem em Caxias, e por isso que o Bolsonaro fez na eleição passada 66% dos votos, eu acho que esse é um fator que ainda está presente. A segunda questão, que todos sabiam, mas, sei lá, eu como advogado, que entendo alguma coisa, eu não sei se nestes últimos dias não houve até um crime eleitoral pelo abuso da máquina pública — comentou Alceu, que ainda completou:
— Então, primeiro, o bolsonarismo muito forte, muito arraigado ainda na cidade e, segundo, quando é que vocês viram, na última semana de campanha, todas as máquinas da prefeitura na rua? Hoje (domingo) estava trancada a Rua Os 18 do Forte, lá no fundo, porque estavam fazendo obras. Então, eu acho que isso, evidentemente, que é o uso da máquina, vergonhosamente, escancaradamente usado, sem nenhum pudor.
Alceu foi além e seguiu o tom crítico à atual gestão de Adiló Didomenico e explicou por que não fez uma denúncia antes da eleição, se de fato houve um crime eleitoral.
— A gente imaginava que o povo não é bobo e que estava vendo essas coisas de última hora. E aí, vocês viram que, por três anos e meio, tivemos um prefeito que hibernou, e agora, nos últimos seis meses, um prefeito que fez um uso da máquina assim violento.
O ex-prefeito ainda pediu a união dos partidos que fizeram parte da coligação (PT, PC do B, PV, PSOL, REDE e PDT) para que juntos decidam que rumo tomar e se haverá apoio a algum candidato no segundo turno.
A assessoria do candidato Adiló Didomenico informou que o tucano não vai falar sobre o assunto neste domingo (6), mas deve se manifestar nesta segunda-feira (7), para emitir o contraponto às declarações de Alceu Barbosa Velho.