
No último domingo (06), 87.257 eleitores caxienses não compareceram às urnas no pleito municipal, que definiu os 23 vereadores e determinou a realização de segundo turno para a escolha do prefeito. O resultado foi uma abstenção maior que a registrada em 2020, quando a eleição municipal ocorreu em plena pandemia. Neste ano, o índice foi de 25,13%, e em 2020 24,79%.
Segundo o juiz da 169ª Zona Eleitoral de Caxias do Sul, João Paulo Bernstein, a abstenção é preocupante por ser maior que o da eleição da pandemia e muito mais ampla que o período anterior. Em 2016, o índice foi de 8,87% no primeiro turno.
Bernstein destaca que essa questão também ocorreu em outras cidades devido ao desinteresse da população na política. Ele concedeu entrevista ao Jornal Almoço desta segunda-feira (7).
— Não foi uma realidade só de Caxias, foi também de outras cidades maiores, mas creio que é um desafio aos candidatos e aos partidos políticos, porque além da abstenção, nós tivemos quase 10% de votos brancos e nulos. Claro que tem aquela fatia que estava fora do domicílio eleitoral, mas a grande maioria (que não foi votar) é o eleitor desinteressado — aponta.
Além disso, o juiz aponta que a abstenção pode aumentar no segundo turno.
— Eu acho que vai depender muito daquilo que as candidaturas apresentarem. Pode aumentar, porque nós não temos candidatos a vereador, apenas a majoritária, e o eleitor pode estar ainda mais desmotivado, digamos assim, e aumentar esse número. Esperamos que não — ressalta.
De acordo com o cientista político Fábio Hoffmann, a questão da abstenção é complexa de ser resolvida, pois os políticos precisam convencer o eleitor não apenas a escolhê-lo, mas também a sair de casa para votar. Isso é potencializado também pela baixa penalidade a quem não comparece às urnas.
— A abstenção vem acontecendo após a redemocratização e tem ficado permanente. Tem um fenômeno de desencanto, as pessoas não têm se sentido representadas. A insatisfação e a baixa confiança nas instituições está presente em todas as democracias. As campanhas vão ter que ser muito certeiras (para convencer esse eleitor) — explica Hoffmann.