A criação da Universidade Federal do Nordeste Gaúcho será o principal tema da reunião do Parlamento Regional, que ocorre na tarde desta quinta-feira (5), a partir das 13h30min na Câmara de Vereadores de Nova Prata. O objetivo do encontro, segundo o presidente do grupo e também do Legislativo nova-pratense, vereador Gilmar Peruzzo (MDB), é mobilizar toda a região em favor da pauta, além de elaborar um documento de apoio à implantação da instituição que será levado para o ministro da Educação, Camilo Santana.
Na reunião, estarão presentes a deputada federal Denise Pessôa (PT) e o deputado estadual Pepe Vargas (PT), que encabeçam a mobilização em torno da universidade federal, além do deputado estadual Carlos Búrigo (MDB). Prefeitos da região e entidades foram convidados a participar do evento, que irá reunir também representantes das Câmaras que são associadas ao Parlamento Regional.
Segundo Peruzzo, o foco do encontro será encontrar a união entre os municípios por essa pauta que pode solucionar uma “lacuna” da região. O documento que será elaborado como resultado da reunião será entregue ao ministro da Educação, Camilo Santana, em futura agenda entre representantes do ministério e uma comitiva regional da Serra.
– No raio entre Caxias e Passo Fundo, Vacaria e Lajeado, nós temos uma população de praticamente um milhão de habitantes, mas não temos uma universidade federal. Quem quer fazer uma universidade federal, tem que ir a Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, ou fazer as particulares. Parece que o governo federal está acenando com a possibilidade de criação de universidades federais, e, no Estado, a região que tem uma lacuna que está descoberta desse serviço é a nossa.
Sobre a agenda com o ministro Camilo, o deputado Pepe diz que não tem urgência para que aconteça.
– Não estamos com tanta pressa de a agenda acontecer, até para podermos encorpar mais, ter mais setores envolvidos, para, quando tivermos a agenda, termos uma representação regional bem significativa. Além disso, tem a questão do Plano Plurianual. Se até o final do ano tivermos a agenda com o ministro, já está de bom tamanho – afirmou.
Para o vereador de Nova Prata, a proposta é realizar um movimento semelhante ao que buscou recursos federais para a abertura dos novos leitos do Hospital Geral (HG). Neste caso, uma comitiva regional foi à Brasília e reuniu-se com representantes do Ministério da Saúde e com a ministra Nísia Trindade. Como resultado, a pasta federal autorizou cerca de R$ 53,3 milhões via Teto MAC (recursos para atendimentos de média e alta complexidade), que possibilitaram a abertura de 55 leitos e a reativação de outros 15 no HG.
– Queremos fazer um movimento parecido com esse em prol da universidade. Estamos juntando esforços, reunindo as cidades, com o objetivo de tirarmos esse encaminhamento e, a partir disso, a gente envolver também a nossa bancada federal de Brasília, os empresários, é uma batalha de todos. A gente espera que esse movimento seja o ponto para sair com um documento e agendar uma audiência com o ministro – deseja.
Pedido é pela criação de nova instituição
Entre as possibilidades levantadas em torno da Universidade Federal do Nordeste Gaúcho, além da criação de uma nova instituição – que envolve desde a autorização, a construção do campus e a homologação do Ministério da Educação –, também foram indicadas as possibilidades de uma sede da UFRGS na Serra ou então de habilitar cursos federais na estrutura da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A extensão da UFRGS chegou perto de concretizar-se, com a doação de um terreno pela prefeitura de Farroupilha para a construção de um prédio da instituição. No local, seria implantado um escritório de inovação para “fomentar a indústria produtiva e inovadora da região”. Sobre a oferta de cursos na Serra, havia o entendimento de que a UFRGS não teria graduações que já estão disponíveis na UCS, como Medicina, Administração ou Direito, por exemplo.
Nós temos uma população de praticamente um milhão de habitantes, mas não temos uma universidade federal
GILMAR PERUZZO
Presidente do Parlamento Regional e vereador de Nova Prata pelo MDB
Gilmar Peruzzo não fecha as portas para nenhum modelo apresentado, mas admite que o plano A é que seja criada uma universidade nova, do zero, para atender à demanda da região.
– Pelo que nós temos sentido na tendência do governo, pelas conversas que a gente tem de bastidores, é que a inclinação seria pela criação de uma universidade. Nós podemos colocar isso como um plano A, mas mantendo as opções de uma extensão da UFRGS ou até mesmo de participação da UCS. Me parece um pouco mais complicada essa equação, mas não fechamos as portas, porque, de qualquer maneira, nós termos a UFRGS na nossa região, ou qualquer outra federal, não seria uma ideia descartada.
Já Pepe Vargas é categórico em afirmar que não pensa em outra possibilidade além da criação de um novo campus para atender os três Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) do Nordeste Gaúcho: Serra, Campos de Cima da Serra e Hortênsias.
– Estamos trabalhando nesse conceito, uma Universidade Federal do Nordeste Gaúcho. Não (se pensa em extensão da UFRGS ou implantação na UCS), estamos discutindo uma universidade federal. Temos que chegar para discutir com o governo na ofensiva, e não na retranca.
Local em segundo plano
O que não será discutido na tarde desta quinta-feira será o local onde ficará a nova universidade. O entendimento de Pepe Vargas e Gilmar Peruzzo é de que essa discussão está em segundo plano no momento, e deve ocorrer somente após a confirmação de que a instituição será, de fato, criada.
– Se começar a discutir se é aqui, ali, ou acolá, em vez de unir pode dividir. Temos que fazer essa discussão em primeiro lugar para sensibilizar o governo federal em favor da demanda, e depois discutimos onde vai ficar. Essa não é nossa preocupação no momento. Primeiro tem que ter definição se vai ter – disse Pepe.
Para Peruzzo, quando chegar o momento para definir a localização, pode haver um debate para que a universidade federal se espalhe em núcleos por toda a região.
– Nós precisamos manter uma união de esforços, não podemos criar qualquer tipo de divisão entre os municípios que tenham interesse. Nosso foco número um é convencer o governo e, a partir disso, definirmos uma sede. Não me parece oportuno avançar sobre isso (definir cidade sede) agora, mas, depois que definirmos a cidade que acolherá a reitoria e o centro de administração da universidade, que não fique inviabilizado de que outros municípios também sejam contemplados com algumas faculdades, alguns cursos.