Após a derrota nas urnas do seu candidato à Presidência, Ciro Gomes, e do candidato ao Palácio Piratini, Vieira da Cunha, o partido com o maior número de filiados em Caxias do Sul, o PDT, segue orientação nacional e estadual da legenda e apoia a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no âmbito federal, e Eduardo Leite (PSDB), para o governo do Estado. Porém, os dois vereadores da cidade não seguem exatamente a linha do partido. Rafael Bueno decidiu manter a neutralidade para os dois cargos. Já Ricardo Daneluz contraria a orientação do PDT e apoia Jair Bolsonaro (PL) e Onyx Lorenzoni (PL).
Daneluz vem demonstrando um alinhamento à direita desde 2021, quando participou abertamente do tratoraço de 7 de setembro em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no município, e foi favorável à entrega do prêmio Caxias do Sul, do Legislativo caxiense, ao presidente em julho de 2021. O parlamentar, inclusive, realizou a entrega do troféu junto com colegas da ala bolsonarista da Câmara.
Por conta da participação nos dois atos políticos, Daneluz está envolvido em um processo disciplinar na Comissão de Ética da executiva estadual do PDT, após o próprio diretório nacional do partido remeter ofício à comissão provisória do partido na cidade indicando a abertura do processo. Até agora, não há definição do partido sobre o processo, que corre em sigilo.
Para a presidente do PDT caxiense, Cecília Pozza, os atos de apoio de Daneluz desde o ano passado estão totalmente desalinhados com os ideais do PDT.
— É uma coisa difícil para nós tratarmos. A comissão provisória de Caxias não possui uma comissão de ética, portanto, isso está na mão da estadual. Ontem, o relator da Comissão de Ética da executiva estadual me ligou e nós decidimos que nada faremos durante esse período eleitoral. Isso vai de encontro às decisões do PDT em âmbito nacional, estadual e municipal. Ele (Daneluz) já teve essa postura antes e isso se repete. Agora, precisamos administrar a situação. De fato, não podemos ter alguém que não esteja alinhado com os ideais do PDT, mas é uma decisão dele mesmo. Se tu não está contente, peça para sair, por favor — aconselha Cecília.
Apoio a Lula, mas como “voto crítico”
Pozza pontua que os apoios a Lula e a Leite ocorrem pela defesa da democracia plena. Em um card enviado no WhatsApp em 7 de outubro, a comissão informa que o voto em Lula é um “voto crítico”.
— O voto crítico é em função de que a gente sabe que talvez política econômica não mude muito, mas o que precisamos pensar é que mudará o olhar para a educação, para a cultura, para a questão ambiental. O apoio do PDT no Estado a Eduardo Leite também ficou condicionado a não privatizar o Banrisul, uma vez que o PDT é um partido que defende o trabalhismo, o servidor e o serviço público. Quando pensamos em um governo, pensamos em um governo plural, e o Leite pressupõe o respeito à diversidade — pontua Cecília.
Logo após o primeiro turno, o PDT de Caxias enfrentou uma série de desfiliações. Na conta, a saída de Edson Néspolo, que declarou apoio a Jair Bolsonaro em um vídeo publicado nas redes sociais. Segundo a presidente, a maioria dos filiados não fez críticas aos apoios.
— A maioria dos nossos filiados viu com bons olhos, e não esperava outra coisa a não ser que se apoiasse o campo democrático. Tem uma minoria descontente. Dentro dessa parcela, sabemos que em um período pós-eleitoral é natural que ocorram desfiliações. Mas, apesar desses desligamentos, isso também trouxe novos filiados para o partido. Ao fim e ao cabo, teremos mais filiações do que desfiliações no PDT caxiense. É um processo difícil pelo qual o partido está passando, mas vislumbramos uma reconstrução. Nos perguntamos: para onde queremos ir? A partir de agora, temos trabalhistas dentro do partido — afirma a presidente.
Como votam e o que dizem
Rafael Bueno, vereador
Voto para governador: não abrirá o voto
Voto para presidente: não abrirá o voto
“Eu prefiro não me manifestar, não abrir o voto. Respeito a democracia e entendo a preferência por qualquer um dos candidatos, mas não vou me manifestar.”
Ricardo Daneluz, vereador
Voto para governador: Onyx Lorenzoni (PL)
Voto para presidente: Jair Bolsonaro (PL)
"Não tenho como apoiar um condenado pela justiça e que deveria estar preso, que comandou o maior escândalo de corrupção do mundo. (Para o Estado) acredito que o Onyx tem melhores condições de conduzir o Rio Grande. Achei que o Leite foi mal na pandemia, renunciou ao mandato de governador, pediu aposentadoria, mentiu quando prometeu não ser candidato à reeleição. Com o Bolsonaro presidente, Onyx terá um alinhamento para alavancar o estado, trazer bons projetos."