O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, foi o palestrante convidado da primeira reunião-almoço do ano da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) nesta quarta-feira (23). Na apresentação, ele exaltou ações do governo de Jair Bolsonaro (PL) desde que assumiu o poder, em 2019. Mencionou corte de 30 mil cargos, redução de ministérios e corte de privilégios.
— Em nenhum momento nós fugimos da luta, do combate e nos afastamos um milímetro do rumo que tínhamos traçado — afirmou Lorenzoni.
Também destacou a gestão durante o período de pandemia, citando injeção de recursos no SUS, disponibilização de 600 milhões de doses de vacinas, entre outras medidas adotadas na área da saúde. Por outro lado, criticou o movimento de flexibilização na abertura e fechamento de setores econômicos.
— O fecha-tudo não funcionou. Queria ver o mea culpa daqueles que diziam 'fecha tudo', a economia a gente vê depois. (...) 130 mil CNPJs foram encerrados — pontuou.
Ainda fez uma provocação indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF).
— O Governo Bolsonaro não se afastou um milímetro da constitucionalidade. Os outros poderes já se afastaram. Há um poder que já foi muito além do que os limites constitucionais concebem.
Por fim, ao ser questionado pelo presidente da CIC, Celestino Oscar Loro, Lorezoni confirmou que vai mudar de partido no final de março, migrando do Democratas (DEM) para o Partido Liberal (PL) _ mesma legenda de Bolsonaro, sigla a qual já foi filiado. Após a nova filiação, disse que se licenciará do cargo e de ministro e oficializará pré-candidatura ao governo do Estado. O anúncio foi ovacionado pelo público presente.
Após a palestra na CIC, concedeu breve entrevista coletiva (principais trechos a seguir) e foi visitar a Festa da Uva.
Com sua eventual candidatura ao governo do Estado, não receia divisão de votos com o pré-candidato Luis Carlos Heinze (PP), também apoiador do presidente Jair Bolsonaro?
Independente da vontade dos políticos, quem decide o futuro do Estado são os gaúchos e as gaúchas. Não há nada mais democrático do que oferecer o seu histórico, seu nome, seu trabalho, para que os gaúchos escolham. Eu estou absolutamente em paz comigo mesmo, se for possível construir entendimento estarei sempre de portas abertas para fazer isso. Agora, se isso não for possível, presidente Bolsonaro vai ter dois palanques no Rio Grande do Sul.
A sua candidatura é uma resposta crítica à atual gestão do Estado?
Estou como ministro de Estado, falei das transformações que fizemos no Brasil. O debate especificamente sobre a administração do Rio Grande do Sul vamos fazer a partir de abril, quando legalmente estarei habilitado.
O senhor é o candidato do presidente Bolsonaro?
Não tenho nenhuma dúvida de que os gaúchos sabem quem é a pessoa que começou a caminhar ao lado de Bolsonaro quando ninguém caminhava com ele. Construí uma relação de 20 anos de parcerias e lutas.
A urna eletrônica é um tema que volta à tona, com declaração do Bolsonaro dizendo que a questão ainda vai ser chancelada pelas Forças Armadas. O que pensa sobre o assunto?
A pergunta que sempre me faço é por que as urnas eletrônicas, que são tão boas, não conseguem ser vendidas em lugar nenhum do planeta. Todos os países que testaram não aceitaram. Porque ela retira da população uma fase importante: a emissão de voto tem de ser secreta para proteger a individualidade de quem emite o voto. Agora, depois que o voto é emitido, a apuração tem de ser pública, pois isso fala de transparência e equilíbrio no processo eleitoral e respeito à vontade do eleitor.
Mas já não é uma questão superada?
Superada por quem? Pelo episódio Dilma (Rousseff) e Aécio (Neves)? Pelo primeiro turno da eleição de 2018 ou pelo segundo turno da eleição de 2018, onde requeremos a presença de cinco observadores para cada uma das duas chapas e corretamente a ministra Rosa Weber autorizou pela primeira vez na história o acesso à sala-cofre? Ainda temos muito a amadurecer, a posição do presidente e do governo foi sempre colaborativa, no sentido de buscar fazer com que a emissão fosse segura e a apuração, pública.